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GUERRA URBANA
Segundo eles, a Secretaria da Segurança Pública não alertou sobre reação do PCC; despreparo das bases é maior problema, dizem
Policiais afirmam que não foram alertados
ALFREDO FEIERABEND
DA REDAÇÃO
Policiais civis entrevistados ontem dizem que não houve alerta
da Secretaria da Segurança Pública sobre a reação do PCC às transferências de seus principais líderes. Um deles, que não quis se
identificar, afirmou que esse teria
sido o maior problema no confronto, que pegou as bases despreparadas.
Outros dois policiais civis, que
também preferiram não ser identificados, diziam não ter sido alertados, mas tentavam defender a
secretaria dizendo que é o "preço
que se paga por estar na polícia".
"Convivemos com a violência
diariamente. Temos sempre de
estar preparados", afirmou um
dos delegados do Deic (Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado).
Segundo ele, o trabalho vai continuar como sempre foi, ou seja,
com o mesmo número de investigações de antes dos ataques. Em
duas horas na sede do Deic, na zona norte, de São Paulo, pelo menos duas equipes, fortemente armadas, saíram para rondas.
Em conversa com um policial
civil, que usava terno, colete à
prova de balas e um broche da Secretaria da Segurança, ficou evidenciado também um desconforto entre os policiais civis e militares. Para ele, é "um absurdo" a
PM sair em dois carros, às vezes
três, para fazer as rondas. "O que é
isso, estamos em estado de guerra
ou é covardia?", questionou. Para
os policiais civis, outro problema
acarretado pelos ataques é que
qualquer crime que aconteceu ou
aconteça nesses dias será atribuído ao PCC.
Por volta das 18h30, outros policiais chegavam para o plantão.
Um deles, que faria o turno de 19h
às 4h -horário em que ocorreu a
maioria dos ataques-, reconheceu que a atenção tinha de ser redobrada. Questionado se sabia
que a Secretaria da Segurança Pública tinha conhecimento que
uma violenta reação do PCC podia acontecer, disse: "Esse é um
problema de cúpula. O ruim é que
a gente é o último a saber".
Mães apreensivas
As mães dos policiais também
sofreram com os ataques. "Fui almoçar com minha mãe hoje [domingo] e ela implorou para que
eu não fosse trabalhar. Infelizmente, esses atentados estão atingindo nossas famílias, que não
param de nos ligar", disse um major da PM.
Essa sensação tomou conta
também de Maria, 45, que não
dorme desde sexta-feira, quando
o marido, um policial militar, foi
ferido no abdômen. Nas poucas
horas em que conseguiu dormir,
teve pesadelos. "Sonhei que metralhavam a minha família toda.
Assim que ele sair dessa, vou convencê-lo a mudar de vida."
Guardas municipais que trabalhavam ontem em uma base na
zona leste disseram que o clima
era tenso. "A família liga constantemente", disse um deles.
Colaboraram KLEBER TOMAZ, da Reportagem Local, e THARSILA PRATES,
do "Agora"
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