Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA
Governador paulista nega ter recebido a oferta e diz que a recusaria; segundo ministro da Justiça, determinação é do presidente
Governo federal oferece ajuda do Exército
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ofereceu ao governador
Cláudio Lembo, do PFL, "toda a
ajuda federal possível, o que inclui
o uso da Força Nacional de Segurança Pública, e as Forças Armadas" contra a facção criminosa
PCC, disse ontem à Folha o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos.
Lembo, porém, nega ter recebido a oferta. "[Recebi] só um telefonema na tarde de ontem [anteontem], por volta das 16h, do
ministro da Justiça, apenas dando
solidariedade -o que agradeci-
e serviços de investigação da Polícia Federal, o que já está havendo
intermediação", disse. Ele também disse que rejeitaria a oferta
de ajuda das Forças Nacionais.
A seguir os principais trechos da
entrevista de Bastos.
Folha - Quais são as razões para o
que está ocorrendo em São Paulo?
Márcio Thomaz Bastos - Há muitas causas. Não existe uma só. O
fato é que o crime organizado precisa ser combatido cotidianamente, com inteligência, integração
entre as policiais e muita firmeza.
É o que estamos fazendo no nível
federal e procurando fazer com os
Estados. Só se combate redes criminosas atuando em rede. Estamos travando uma guerra dura,
que necessita de união e uso de
serviços de inteligência integrados entre o governo federal e os
Estados. Esforços isolados são
inúteis. Vamos vencer essa guerra. Há uma série de medidas que
estamos tomando.
Folha - Por exemplo?
Bastos - A PF tem atuado no
Brasil inteiro para combater o crime organizado. Operações recentes são prova disso. Há também a
criação do Sistema Penitenciário
Federal, que vem de uma lei do
início dos anos 80, e que está sendo colocada em prática pelo governo Lula. Esse sistema permitirá que os Estados transfiram [presos] para presídios de segurança
máxima, onde os presos não conseguem se comunicar com suas
organizações. Isso vai enfraquecer as redes criminosas.
Folha - Quantas vagas há nesse
sistema?
Bastos - Em junho, teremos 400
vagas. Cada penitenciária terá 200
vagas. Serão inauguradas unidades em Campo Grande (MS) e em
Catanduvas (PR). Até o final do
ano, atingiremos 800 vagas. Em
2007, teremos mais 200 e completaremos mil vagas.
Folha - O sr. conversou com o governador Lembo sobre as vagas?
Bastos - Ofereci ao governador a
possibilidade de transferir criminosos de alta periculosidade para
essas penitenciárias.
Folha - O que mais o governo federal pode oferecer a São Paulo?
Bastos - Conversei com o presidente Lula ontem [anteontem].
Ele determinou que fosse colocada à disposição do governador toda a ajuda federal possível, o que
inclui a Força Nacional de Segurança Pública e as Forças Armadas. A Força Nacional tem milhares de homens treinados e prontos para agir [são 4.000]. Isso vai
depender do governo de SP.
Folha - As Forças Armadas atuarão em São Paulo?
Bastos - Oferecemos toda a ajuda possível e que São Paulo julgar
necessária. No caso das Forças
Armadas, não creio que seja necessário. Se for, estará à disposição, segundo o presidente.
Texto Anterior: Até Polícia Ambiental é alvo de ataques Próximo Texto: Alckmin culpa União por insegurança Índice
|