São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA URBANA

Governador paulista nega ter recebido a oferta e diz que a recusaria; segundo ministro da Justiça, determinação é do presidente

Governo federal oferece ajuda do Exército

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu ao governador Cláudio Lembo, do PFL, "toda a ajuda federal possível, o que inclui o uso da Força Nacional de Segurança Pública, e as Forças Armadas" contra a facção criminosa PCC, disse ontem à Folha o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Lembo, porém, nega ter recebido a oferta. "[Recebi] só um telefonema na tarde de ontem [anteontem], por volta das 16h, do ministro da Justiça, apenas dando solidariedade -o que agradeci- e serviços de investigação da Polícia Federal, o que já está havendo intermediação", disse. Ele também disse que rejeitaria a oferta de ajuda das Forças Nacionais.
A seguir os principais trechos da entrevista de Bastos.

 

Folha - Quais são as razões para o que está ocorrendo em São Paulo?
Márcio Thomaz Bastos -
Há muitas causas. Não existe uma só. O fato é que o crime organizado precisa ser combatido cotidianamente, com inteligência, integração entre as policiais e muita firmeza. É o que estamos fazendo no nível federal e procurando fazer com os Estados. Só se combate redes criminosas atuando em rede. Estamos travando uma guerra dura, que necessita de união e uso de serviços de inteligência integrados entre o governo federal e os Estados. Esforços isolados são inúteis. Vamos vencer essa guerra. Há uma série de medidas que estamos tomando.

Folha - Por exemplo?
Bastos -
A PF tem atuado no Brasil inteiro para combater o crime organizado. Operações recentes são prova disso. Há também a criação do Sistema Penitenciário Federal, que vem de uma lei do início dos anos 80, e que está sendo colocada em prática pelo governo Lula. Esse sistema permitirá que os Estados transfiram [presos] para presídios de segurança máxima, onde os presos não conseguem se comunicar com suas organizações. Isso vai enfraquecer as redes criminosas.

Folha - Quantas vagas há nesse sistema?
Bastos -
Em junho, teremos 400 vagas. Cada penitenciária terá 200 vagas. Serão inauguradas unidades em Campo Grande (MS) e em Catanduvas (PR). Até o final do ano, atingiremos 800 vagas. Em 2007, teremos mais 200 e completaremos mil vagas.

Folha - O sr. conversou com o governador Lembo sobre as vagas?
Bastos -
Ofereci ao governador a possibilidade de transferir criminosos de alta periculosidade para essas penitenciárias.

Folha - O que mais o governo federal pode oferecer a São Paulo?
Bastos -
Conversei com o presidente Lula ontem [anteontem]. Ele determinou que fosse colocada à disposição do governador toda a ajuda federal possível, o que inclui a Força Nacional de Segurança Pública e as Forças Armadas. A Força Nacional tem milhares de homens treinados e prontos para agir [são 4.000]. Isso vai depender do governo de SP.

Folha - As Forças Armadas atuarão em São Paulo?
Bastos -
Oferecemos toda a ajuda possível e que São Paulo julgar necessária. No caso das Forças Armadas, não creio que seja necessário. Se for, estará à disposição, segundo o presidente.


Texto Anterior: Até Polícia Ambiental é alvo de ataques
Próximo Texto: Alckmin culpa União por insegurança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.