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RIO
Casa, a 200 m de posto policial, levou pelo menos 113 tiros
PM não impede tiroteio de 6 horas em favela no complexo da Maré
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
Um tiroteio de seis horas de duração entre traficantes rivais aterrorizou ontem de madrugada os
moradores da favela Baixa do Sapateiro, no complexo da Maré
(zona norte do Rio).
A polícia chegou 13 horas depois, apesar de haver um batalhão
da PM dentro do complexo, a cerca de 2 km do ponto onde houve a
troca de tiros. Um suposto traficante morreu.
O batalhão da Maré foi inaugurado pelo secretário estadual de
Segurança Pública, Anthony Garotinho, no último dia 30. Na ocasião, panfletos atirados de um helicóptero informavam que "a paz
está chegando".
Moradores da rua do Serviço reclamaram que a inauguração do
batalhão serviu apenas para dar
segurança aos motoristas que
passam pela avenida Brasil e pela
Linha Vermelha, vias expressas
nas margens do complexo.
Os seis policiais do Posto de Policiamento Comunitário, que fica
a 200 m do local do tiroteio, não
interferiram nem pediram reforço aos 250 homens que estavam
no batalhão de madrugada.
O tenente que se identificou como Souza, responsável pelo posto
ontem à tarde, disse que o barulho dos tiros não deve ter sido ouvido pela equipe de plantão durante a madrugada. Ele minimizou o acontecimento: "Não foi assim como o pessoal está falando.
Deram uns tirinhos, que sempre
tem, aqueles rotineiros".
Outro lado
O comandante do 22º Batalhão,
tenente-coronel Álvaro Rodrigues Garcia, disse que a obrigação
da polícia é intervir em qualquer
tiroteio. Ele se comprometeu a investigar se houve falha no policiamento do posto comunitário, que
não teria avisado o batalhão.
Garcia afirmou que reforçará o
policiamento na Baixa do Sapateiro a partir das 6h de hoje. Sobre a
afirmação dos moradores de que
o batalhão foi feito para dar segurança aos motoristas, e não aos favelados, Garcia disse que eles não
cooperam com a polícia.
"Eu vou questionar porque o
batalhão está aqui e eles não denunciam. Já que existe uma guerra do tráfico no local, os moradores devem saber quem são, onde
vivem esses traficantes, onde escondem as armas."
O comandante disse não ter sido avisado do tiroteio pelo posto
policial. "A gente não teve comunicação. Se o policiamento não foi
para o local, eu vou até verificar.
Mas não houve solicitação direta
dos moradores", afirmou.
O secretário de Segurança do
Estado do Rio, Anthony Garotinho, não quis falar sobre as críticas dos moradores à atuação do
22º Batalhão. A Folha tentou falar
com ele três vezes. Sua assessoria
informou que o assunto era do
âmbito do comando da PM.
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