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Busca pelo par ideal anima "avulsos" na comemoração do
Dia do Solteiro
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa sala do segundo andar
de um sobrado da Vila Mariana,
zona sul, a empresária Cláudya
Toledo, 41, informa: "Vai acontecer um "insight" aqui."
Insight?
É como ela chama o encontro
entre um homem e quatro mulheres, promovido por sua
agência de casamentos. "O rapaz conversa com uma moça de
cada vez e vê se alguma o agradou. A escolhida pode dizer se
aceita ou não namorar", diz.
O rapaz, Roberto, 39, é médico, separado, tem 1,67 m, 66 kg
e renda superior a R$ 10 mil.
"Conheci muita menina na balada, realizei minhas fantasias
do tempo de casado, mas não
era nada construtivo", explica.
É o segundo "insight" do médico. No primeiro, ele escolheu
uma moça entre oito e namorou por cinco meses.
Uma das candidatas é Marília, 30, funcionária pública, loura, 1,67 m, 53 kg. "Tive que passar por cima do orgulho para
conseguir meu objetivo [casar].
Não estava encontrando o que
queria na noite", diz ela, que,
como Roberto, pagou entre R$
1.200 e R$ 5.000 de matrícula,
com validade de 18 meses.
Cláudya afirma que promove
cinco "insights" por semana.
Como há 60% de clientes mulheres para 40% de homens,
eles sempre escolhem.
Invenção
Hoje, 15 de agosto, é o Dia do
Solteiro, uma invenção importante para os empresários do
setor casamenteiro. Embora
nenhum saiba informar a origem da data, eles promovem
"uma série de atividades".
A mais comum é um "fim de
semana temático", cujo objetivo é uma espécie de desencalhe
em massa. "Cerca de 40% do
volume (de gente) do encontro
sai namorando", diz Yolanda
Oliveira, 55, dona de uma agência de viagens para solteiros.
Yolanda vai levar 120 pessoas, a R$ 648 cada uma, para o
fim de semana em Campos do
Jordão. "Só não levo mais gente
porque não tem vaga no hotel."
Para a Semana Internacional
do Solteiro, em setembro, na
Costa do Sauípe, ela já vendeu
50 pacotes, a R$ 1.548 cada um.
Há muita gente avulsa no
mercado. Segundo pesquisa
feita pelo Datafolha com 4.044
pessoas na faixa etária acima
dos 16 anos, em todo o Brasil,
36% são solteiros -fora separados (8%) e viúvos (6%).
Um dos motivos que levam
solteiros a procurar agências é
a crença de que ali podem encontrar um "parceiro sério":
"Eles verificam se o rapaz tem
antecedentes criminais, dívidas, checam estado civil", acredita a gerente de vendas Alessandra, 31, na fila de espera para conversar com Roberto.
Em um levantamento feito
com 5.000 clientes, na faixa
etária dos 24 aos 78 anos, uma
agência de Curitiba definiu os
motivos considerados eliminatórios na busca do parceiro.
Homens que têm apenas o 1º
grau ou menos de 1,65 m e sem
carro perdem muitos pontos.
"Em geral, a mulher quer
parceiros que sejam mais preparados do que ela", diz Sheila
Rigler, 56, da agência.
"95% das moças cadastradas
conosco têm curso universitário. Então, é gente acostumada
com um certo nível de conforto", diz Marlene Heuser, 55, de
outra agência local.
Os homens costumam eliminar gordas, fumantes, que meçam mais de 1,75 m ou tenham
filhos. Mas tudo -para ambos
os sexos- é negociável.
O analista de sistemas Walter, 47, mora com a mãe de 80
-fator considerado desclassificatório pelas candidatas. Mesmo assim, ele diz que já foi
apresentado a 70 mulheres. Rejeitou 60 e foi rejeitado por dez.
"Na parte física, o que mais
me atrai é o sorriso; na psicológica, o companheirismo", diz
Walter, que tem 1,90 m, 90 kg e
é "90% vegetariano".
A engenheira Carla Góis, 28,
que fez sua inscrição há dois
meses, demonstra receio em
ser retratada como mega-encalhada. "Quero que você aborde
o tema pelo lado bom." Qual?
"O da mulher que gasta uma
grana e investe numa agência
de casamento para arrumar um
companheiro legal." Ah, tá.
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