São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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PASSAGENS PAULISTANAS

Instalado em parada na Rebouças, equipamento é usado principalmente por idosos e pacientes do HC

Improvisado, elevador pára por mais de 2 h

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O que já era considerado ruim pelos usuários ficou ainda pior na tarde de ontem. Por volta das 16h40, o elevador improvisado pela Prefeitura de São Paulo na passarela que permite o acesso ao ponto do Passa Rápido na avenida Rebouças quebrou. Ficou parado por mais de duas horas.
Todas as pessoas, inclusive idosos e pacientes do Hospital das Clínicas, localizado ao lado da passarela, foram obrigadas a usar a escada provisória, de estrutura tubular e degraus de madeira, para chegar ao ponto de ônibus.
Foi o caso de Letícia Caldeira, que ontem completou 66 anos. Deficiente visual, ela precisou do apoio da amiga Maria Galzia, 71, para descer os 44 degraus da escada. Levou quase três minutos. "Está horrível. Estou com as pernas tremendo", disse ao chegar.
As dificuldades já haviam começado na chegada, quando, indo para o HC, precisou subir de elevador. Sentiu-se desconfortável: "Na ida foi um trabalho para entrar, tinha fila. Agora piorou".
Como Letícia, muitos dos pedestres que passam pelo local, em razão da proximidade com o Hospital das Clínicas e com o Instituto do Coração, sofrem de algum tipo de doença ou problema físico.
Por isso, algumas pessoas enfrentavam dificuldades para subir ou descer. Estreita, a escada não dava vazão aos outros pedestres, que se acumulavam ao longo dos degraus, o que aumentava a sensação de insegurança.
Fabiane Geni de Moraes, 29, técnica de radiografia, precisou parar por alguns segundos na escada para tentar se recuperar de uma tontura. O medo de permanecer na escada, no entanto, foi maior, e ela subiu até o final. Lá em cima, em segurança, suas mãos tremiam. Disse que não teria coragem para voltar.
"Isso aqui é suicídio. [A escada] deveria estar no Playcenter", disse em tom de brincadeira Milton Lucena, 35, técnico em informática.
Maria Celeste, 61, também procurou rir da situação, apesar da dificuldade que teve para descer a escada. Atrás dela, uma longa fila se formou. "Na minha velhice, não é muito fácil. Mas eu não estou cansada, não. Quem parecia "cansada" era a escada."
Outros, no entanto, não conseguiram enfrentar as dificuldades encontradas com o mesmo humor. Uma mulher de 71 anos, que não quis se identificar, fez a subida amparando seu marido de 81 anos. "Ele sofre [do mal] de Alzheimer, isso é uma indecência".
Por volta das 19h, o elevador da passarela voltou a funcionar. Segundo a prefeitura, o elevador definitivo estará pronto em 30 dias. E a escada será substituída por escadas rolantes em 60 dias.


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