São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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"Polícia chegou dando paulada", dizem alunos

DA REPORTAGEM LOCAL

"Parecia uma guerra. A polícia já chegou dando paulada nos alunos e jogando bombas. Não teve conversa." A descrição da atuação policial é do estudante de geografia Matosinho Alves da Silva, 25, um dos oito detidos pela polícia na noite de anteontem.
Preparado para conversar com representantes da reitoria do Centro Universitário Fundação Santo André sobre o aumento das mensalidades, ele disse ontem que não esperava tanta violência e que foi algemado e preso sem motivos. "Não ofereci resistência, eu já tinha sido atingido por algo nas costas, não sei pelo quê. A gente só queria conversar."
O motivo da conversa, conta, seria uma informação obtida pelos alunos na terça-feira de que, a partir do ano que vem, as mensalidades dos estudantes novos sofreriam um reajuste entre 8% e 126%.
"No curso de geografia, por exemplo, ela passaria de R$ 558 para R$ 928. É muita diferença", afirma Joana Salay, 21, estudante do 2º ano e também participante da invasão.
Para ela, esse reajuste abusivo é uma tentativa da instituição de "esvaziar" os cursos menos lucrativos. "Ninguém vai querer entrar em uma faculdade tão cara. Daí, a fundação pode fechar o curso e ir sucateando a graduação menos rentável."
Apesar de eles afirmarem saber o valor do reajuste para os novos alunos, Joana diz que os estudantes não sabem de quanto será o aumento para quem já está matriculado. "Isso é o de menos. A gente só queria conversar. Se a reitoria nos recebesse, essa confusão com a polícia teria sido desnecessária."
José, estudante de história que pediu para não ter o sobrenome divulgado, discorda e diz que o abuso foi culpa dos próprios policiais. "Eles podiam ter entendido a situação e dialogado, mas já chegaram com truculência para cima de nós", afirma. "Somos estudantes, não bandidos."

PM contra invasores
No mês passado, a PM também retirou invasores que haviam ocupado a Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco (centro de SP). Em julho, os policiais também acompanharam a saída dos estudantes que invadiram a reitoria da USP por 50 dias. No mês anterior, a polícia pôs fim à invasão da diretoria da Faculdade de Ciências e Letras, do campus da Unesp de Araraquara. (DT)


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