São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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Mortes sobem nas principais estradas de SP

Índices pioraram nas rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Anchieta, Imigrantes, Raposo Tavares e Castello Branco -todas privatizadas

Para Artesp, que fiscaliza estradas, causas prováveis são maior tráfego de motos, e expansão urbana nas margens das rodovias

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O índice de mortes por acidentes cresceu nas seis principais estradas estaduais de São Paulo -Bandeirantes, Anhanguera, Anchieta, Imigrantes, Raposo Tavares e Castello Branco- entre 2001, três anos após as concessões, e 2008.
No sistema Anchieta-Imigrantes, o índice detectado é pior do que os padrões internacionais. Os dados são da Artesp, a agência estadual responsável pelos contratos das rodovias concedidas à iniciativa privada.
O aumento atinge, por exemplo, as concessionárias AutoBan (Anhanguera-Bandeirantes, onde o índice passou de 1,83 para 2,32), Ecovias (Anchieta-Imigrantes, de 2,45 para 3,24) e ViaOeste (parte da Castello Branco e da Raposo Tavares, de 0,89 para 2,35).
Esse índice é resultado de uma fórmula internacional que considera a relação entre o número de vítimas, o fluxo de tráfego e a extensão da rodovia. A piora ocorre apesar da expansão da fiscalização eletrônica e da lei seca (que está em vigor desde 2008).
Na média geral, no entanto, a violência nas rodovias privatizadas em São Paulo apresentou redução, de 4,12 para 3,32 -ou seja, a melhoria foi concentrada nas estradas que não passam pela capital paulista.
A Artesp considera seguro, com base em padrões internacionais, estradas que obtenham média inferior a 2,5, valor a que a agência pretende chegar em todas as rodovias sob concessão até 2020.
As concessionárias, porém, não podem sofrer nenhum tipo de sanção por conta da piora dos índices, pois não há previsão em contrato.

Tráfego e motos
O gerente de Segurança da Artesp, Carlos Campos, responsável pelo levantamento, afirma que as causas mais prováveis são o aumento do tráfego, principalmente de motocicletas, crescimento de cidades ao lado das estradas e a melhoria das condições das rodovias - ele diz que os motoristas tendem a correr mais em estradas que têm bom asfaltamento.
Campos diz que a principal causa das mortes está ligada ao aumento do tráfego de motos -de 2000 a 2008, as mortes de motociclistas cresceram 36%.
Segundo o professor Coca Ferraz, coordenador do Núcleo de Estudos de Segurança no Trânsito da USP de São Carlos, o número de mortes é maior do que o apontado no estudo da Artesp -por estarem contabilizados, de acordo com ele, os feridos em acidentes que acabam morrendo nos hospitais.
"Estudo do Ipea [Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas] aponta que o número real é 65% maior que as mortes ocorridas no local", diz.
Engenheiro e professor da UnB (Universidade de Brasília), David Duarte Lima avalia que aumento do tráfego e da velocidade não são motivo suficiente para explicar o aumento no índice de mortes nas rodovias terceirizadas.
"Sempre há o que fazer, como aumentar fiscalização, adaptar pistas, realizar campanhas entre usuários."
Na opinião de Lima, metas de redução da violência deveriam constar nos contratos. "Foi um erro da concessão."


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