São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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Problema afeta mais as mulheres

DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa com idosos atendidos pela disciplina de geriatria da Universidade Federal de São Paulo mostra que as mulheres têm menos dentes do que os homens. A explicação é surpreendente: como foram com mais frequência ao dentista ao longo da vida, elas tiveram mais dentes arrancados do que eles, que se cuidam menos.
"A odontologia evoluiu muito. Antes, tudo era motivo para extração. Agora, fazemos tudo para preservar os dentes", afirma a dentista Denise Tibério Luz, que fez a pesquisa. Ela também trabalha com um grupo de estudo sobre saúde de idosos com cem profissionais na Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas.
De 608 idosos atendidos, 62% eram desdentados. Dos desdentados, 64,4% eram mulheres. Entre os que tinham dentes, as mulheres apareceram como as que tinham melhor saúde bucal. Ou seja, têm menos dentes, mas dentes mais saudáveis. Os homens têm mais dentes, mais cáries e mais gengivas doentes -46% não tinham boa saúde bucal.
Olga Calvão Monnerat, 83, teve todos os dentes arrancados por causa de uma paralisia facial que teve aos 22 anos. Com as técnicas de hoje, possivelmente poderia ter seus dentes recuperados.
Ela afirma que a higiene da prótese pode até dar trabalho, mas é muito importante. "Sou muito vaidosa, quero ter tudo direitinho." Como tem dificuldades de locomoção, ela recebe atendimento odontológico em casa e precisa de ajuda para a higiene.
Casos assim merecem atenção e carinho, dizem os profissionais. "O plano de tratamento deve levar em consideração as condições do pacientes", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Odontogeriatria, Carlos Werner.
Segundo ele, o paciente idoso também precisa ter a parte cardiovascular avaliada antes do tratamento. Anestesias podem interferir na condição de pacientes cardíacos. Hipertensos podem precisar de remédios para abrandar a ansiedade durante alguns procedimentos.
As consultas não devem ser longas, e o profissional tem de estar preparado para ter tempo de conversar com o paciente. "Para muitos idosos, a consulta é um evento", afirma Montenegro.
As instruções que precisarem ser dadas devem ser passadas por escrito, sempre que possível ao paciente -deixando que ele a repasse àqueles que o ajudam.


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