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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Prefeita, que sai do cargo em janeiro, fez cerimônia para receber local que só terá shows em abril
Após ato de Marta, auditório volta às obras
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O auditório do parque Ibirapuera, entregue ontem sem estar
pronto pela empresa que bancou
a obra, em ato com a prefeita Marta Suplicy (PT), só ficou aberto
por cerca de três horas, enquanto
autoridades, convidados e a imprensa conheciam o local.
Mesmo sem poder abrir o auditório ao público, Marta optou por
fazer a solenidade já, antes de
transmitir o cargo a José Serra
(PSDB), em 1º de janeiro. A cerimônia serviu para deixar a marca
da gestão Marta na obra.
Após o evento, o prédio, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e que está cercado por tapumes, voltou a ser fechado para a
conclusão de alguns serviços, como testes de acústica.
O auditório deve começar a
abrigar eventos em abril. É Serra
quem deve inaugurar o espaço.
O secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Adriano
Diogo, indagado sobre quando o
auditório será utilizado, defendeu
a cerimônia e afirmou que faltam
apenas "ajustes" na obra. Tais
acertos, segundo ele, não impediam a solenidade de ontem.
"Será que nós não temos o direito de receber a obra que fizemos?
Tem alguma irregularidade nisso?", questionou.
Em discurso, a prefeita Marta
Suplicy comentou o atraso na
construção e fez críticas ao que
chamou de "inúmeras liminares
que atormentam os prefeitos".
A prefeita se referia às ações do
Ministério Público para impedir a
obra, o que teria atrasado a entrega do auditório.
Previsto para ser inaugurado no
dia 25 de janeiro deste ano, aniversário de 450 anos de São Paulo,
o projeto do auditório foi alvo de
uma ação que considerava a obra
contrária à resolução de tombamento do parque, segundo a qual
não é permitido aumento da área
construída no Ibirapuera.
A prefeitura conseguiu a liberação com o argumento de que a estrutura fazia parte do projeto inicial do parque, feito por Niemeyer
para comemorar os 400 anos de
São Paulo, em 1954.
A construção do auditório está
orçada em R$ 25 milhões -bancados por uma empresa de telefonia, a TIM.
O auditório tem capacidade para 800 pessoas. O palco servirá
tanto ao público acomodado nas
poltronas como ao que ficar na
área externa, graças a uma porta
retrátil que, quando aberta, permite que sejam feitos shows para
20 mil pessoas.
Marquise
Niemeyer, autor do projeto, não
compareceu à cerimônia. O arquiteto afirma que não visitará o
local enquanto não for realizada
uma outra modificação: o "corte"
de aproximadamente 1.000 m2 da
marquise, que possui 27 mil m2.
Procurado ontem, ele não quis se
manifestar.
A cobertura já constava do projeto original do parque e "unia"
visualmente todas as edificações
previstas para o local. Ao reavaliar
seu projeto, porém, Niemeyer decidiu suprimir um "bico" da marquise que fica entre a Oca e o auditório e criar uma praça ali.
Na avaliação do arquiteto, a
marquise, no atual formato, divide a praça em duas. O "bico" tem
cerca de 40 m de comprimento.
Como o parque é tombado, a alteração precisa ser autorizada pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico.
A proposta foi aprovada pelo
Condephaat (conselho estadual)
em agosto deste ano. Mas o Conpresp (conselho municipal de defesa do patrimônio) ainda não se
manifestou sobre a obra.
Colaborou AMARÍLIS LAGE, da Reportagem Local
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