São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AGENDA DA TRANSIÇÃO

Prefeita, que sai do cargo em janeiro, fez cerimônia para receber local que só terá shows em abril

Após ato de Marta, auditório volta às obras

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O auditório do parque Ibirapuera, entregue ontem sem estar pronto pela empresa que bancou a obra, em ato com a prefeita Marta Suplicy (PT), só ficou aberto por cerca de três horas, enquanto autoridades, convidados e a imprensa conheciam o local.
Mesmo sem poder abrir o auditório ao público, Marta optou por fazer a solenidade já, antes de transmitir o cargo a José Serra (PSDB), em 1º de janeiro. A cerimônia serviu para deixar a marca da gestão Marta na obra.
Após o evento, o prédio, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e que está cercado por tapumes, voltou a ser fechado para a conclusão de alguns serviços, como testes de acústica.
O auditório deve começar a abrigar eventos em abril. É Serra quem deve inaugurar o espaço.
O secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo, indagado sobre quando o auditório será utilizado, defendeu a cerimônia e afirmou que faltam apenas "ajustes" na obra. Tais acertos, segundo ele, não impediam a solenidade de ontem.
"Será que nós não temos o direito de receber a obra que fizemos? Tem alguma irregularidade nisso?", questionou.
Em discurso, a prefeita Marta Suplicy comentou o atraso na construção e fez críticas ao que chamou de "inúmeras liminares que atormentam os prefeitos".
A prefeita se referia às ações do Ministério Público para impedir a obra, o que teria atrasado a entrega do auditório.
Previsto para ser inaugurado no dia 25 de janeiro deste ano, aniversário de 450 anos de São Paulo, o projeto do auditório foi alvo de uma ação que considerava a obra contrária à resolução de tombamento do parque, segundo a qual não é permitido aumento da área construída no Ibirapuera.
A prefeitura conseguiu a liberação com o argumento de que a estrutura fazia parte do projeto inicial do parque, feito por Niemeyer para comemorar os 400 anos de São Paulo, em 1954.
A construção do auditório está orçada em R$ 25 milhões -bancados por uma empresa de telefonia, a TIM.
O auditório tem capacidade para 800 pessoas. O palco servirá tanto ao público acomodado nas poltronas como ao que ficar na área externa, graças a uma porta retrátil que, quando aberta, permite que sejam feitos shows para 20 mil pessoas.

Marquise
Niemeyer, autor do projeto, não compareceu à cerimônia. O arquiteto afirma que não visitará o local enquanto não for realizada uma outra modificação: o "corte" de aproximadamente 1.000 m2 da marquise, que possui 27 mil m2. Procurado ontem, ele não quis se manifestar.
A cobertura já constava do projeto original do parque e "unia" visualmente todas as edificações previstas para o local. Ao reavaliar seu projeto, porém, Niemeyer decidiu suprimir um "bico" da marquise que fica entre a Oca e o auditório e criar uma praça ali.
Na avaliação do arquiteto, a marquise, no atual formato, divide a praça em duas. O "bico" tem cerca de 40 m de comprimento.
Como o parque é tombado, a alteração precisa ser autorizada pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico.
A proposta foi aprovada pelo Condephaat (conselho estadual) em agosto deste ano. Mas o Conpresp (conselho municipal de defesa do patrimônio) ainda não se manifestou sobre a obra.


Colaborou AMARÍLIS LAGE, da Reportagem Local


Texto Anterior: Serra esvazia pasta do Trabalho
Próximo Texto: Urbanidade - Gilberto Dimenstein: Magia da lata
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.