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LEIS
OAB investiga advogados estrangeiros ilegais no país
EUNICE NUNES
especial para a Folha
A Ordem dos
Advogados do
Brasil (OAB) está investigando
a atuação irregular de escritórios estrangeiros de advocacia
no Brasil e pretende regulamentar
o modo como eles poderão operar
por aqui.
A idéia é permitir que eles prestem consultoria em legislação estrangeira, desde que devidamente
registrados na OAB. Continuariam impedidos de representar
seus clientes em juízo ou assinar
pareceres, assim como as demais
atividades privativas dos advogados brasileiros.
A regulamentação em estudo deverá ser apreciada em reunião do
Conselho Federal da OAB, marcada para março próximo.
O exercício da advocacia sem registro na OAB é ilegal no Brasil. A
lei diz que só pode realizar atos de
advogado aquele que tiver o diploma de bacharel em direito e for
aprovado no exame da OAB.
Portanto, para poder advogar
aqui, o estrangeiro teria de validar
seu diploma, prestar o exame e
obter o registro na Ordem.
Os escritórios estrangeiros vieram para cá, junto com seus clientes, atraídos pelo programa de privatização. Ainda não se sabe ao
certo quantos se instalaram no
Brasil.
"Está sendo feito um levantamento. Estima-se que em São Paulo há cerca de dez sociedades estrangeiras, quase todas norte-americanas. Também há algumas
no Rio. É preciso que saibam que
estão infringindo a lei. Lá (nos
EUA) as restrições são ainda mais
sérias do que aqui", informa Reginaldo de Castro, presidente do
Conselho Federal da OAB.
Algumas chegaram como sociedades de consultoria. Não ajuízam
ações, mas realizam praticamente
todos os outros atos privativos dos
advogados, como emitir pareceres
e fazer planejamento tributário.
Outras associaram-se a escritórios brasileiros. Nos papéis timbrados aparece o nome do escritório brasileiro e, logo abaixo, o nome do associado estrangeiro.
Há ainda os que contratam um
advogado brasileiro, o qual se
apresenta como representante ou
associado à banca estrangeira.
Segundo Clemência Wolthers,
presidente do CESA (Centro de
Estudos das Sociedades de Advogados), os estrangeiros que vieram
são conhecidos no mundo inteiro.
"Não são delinquentes, mas não
podem trabalhar aqui da forma
como vêm fazendo. Daí a regulamentação, até para que a OAB tenha controle e possa fiscalizá-los.
O problema decorre da globalização e é mundial. Por isso, muitos
países já disciplinaram a questão,
como Portugal, França e Japão",
afirma a advogada.
Rubens Approbato Machado,
presidente da seccional paulista da
OAB, diz que é preciso notificar as
autoridades dos países de origem
sobre o que está acontecendo. Mas
também defende a regulamentação da atividade dos estrangeiros,
ressaltando que deve haver reciprocidade de tratamento (leia texto abaixo).
Os três concordam que a atividade dessas sociedades deve ficar
restrita à consultoria em legislação
estrangeira.
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