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Afastado juiz que apura agressão a preso
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
A Corregedoria Geral da Justiça
de São Paulo afastou ontem, por
30 dias, o juiz José Marcos Silva,
titular da Vara de Execuções Criminais de Osasco (Grande SP).
A suspensão de Silva foi determinada pelo corregedor-geral da
Justiça de São Paulo, desembargador Sérgio Augusto Nigro Conceição, em razão de suspeitas de envolvimento do juiz no episódio de
espancamento de presos da Cadeia Pública de Osasco.
Na última quarta, o Ministério
Público de São Paulo informou
que o IML (Instituto Médico Legal) constatara lesões corporais
em 165 dos 440 presos da Cadeia
Pública de Osasco (Grande SP).
Os laudos reforçam a hipótese de
que os detentos foram submetidos
a sessão coletiva de tortura, ocorrida em 10 de dezembro de 98
-dia em que foram comemorados os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
De acordo com o promotor Carlos Cardoso, assessor de direitos
humanos da Procuradoria Geral
de Justiça de São Paulo, as agressões aos presos teriam sido praticadas por cerca de cem policiais
(militares e civis), em retaliação a
uma rebelião que fora controlada
três dias antes.
"Sob pretexto de fazerem uma
operação de revista nas celas, os
policiais acabaram impondo aos
detentos uma sessão de tortura,
como represália à rebelião, que
havia sido administrada com facilidade", afirmou Cardoso.
Segundo ele, depoimento de
presos confirmam que as torturas
teriam sido presenciadas pelo juiz
José Marcos Silva.
A Folha tentou falar ontem com
o juiz José Marcos Silva, que também acumula a função de corregedor, mas o Fórum de Osasco informou que ele estava em férias.
Como juiz-corregedor, Silva é
responsável pela instauração e
presidência de sindicância para
apurar incidentes graves que
aconteçam na cadeia pública.
"Seria um contra-senso essa
sindicância ser presidida por alguém que pode ter tido participação no fato. A sua substituição seria necessária para a garantia da
isenção", disse Cardoso. A apuração do caso será conduzida agora
pelo juiz Luís Fernando Nishi.
O afastamento do juiz poderá ser
prorrogado, caso o envolvimento
dele não tiver sido apurado a tempo. Para isso é preciso o consentimento do Órgão Especial do TJ-SP
(Tribunal de Justiça), que é formado pelo presidente do tribunal, o
primeiro vice e o corregedor.
Esta semana, o promotor Cardoso se reuniu com o secretário-adjunto da Segurança Pública, Luiz
Antonio Alves de Souza, para pedir à polícia de Osasco que agilize
as investigações sobre o episódio.
"O fato passou a ser investigado
por mais delegados, mas a apuração continua lenta", disse
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, disse ontem estranhar a reclamação do
promotor, uma vez que "uma das
funções do Ministério Público é
pedir diligências e estimular o andamento do inquérito policial".
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