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ENCHENTES
Serviço que eleva vazão do rio pára em plena época de chuvas, devido a suposta venda irregular da areia retirada
Daee suspende desassoreamento do Tietê
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
Em pleno período de chuvas, o
Daee (Departamento de Águas e
Energia Elétrica), do governo paulista, suspendeu o serviço de limpeza e desassoreamento do rio
Tietê, um dos principais pontos de
enchentes da cidade de São Paulo.
O Daee alega que o serviço foi
paralisado por determinação do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que considerou irregular o contrato assinado entre o governo do Estado e
a construtora Triunfo, que realiza
o serviço desde maio de 97, após
vencer concorrência pública.
Segundo o próprio Daee, a interrupção do serviço pode agravar o
problema das enchentes em São
Paulo nos próximos dias.
Levantamento do departamento
revela que o índice pluviométrico
dos primeiros 15 dias de janeiro já
superou em 10 milímetros a média
histórica do mês, de 240 mm.
O 2º Distrito do DNPM de São
Paulo informou que a paralisação
se restringe ao tratamento e comercialização da areia retirada do
rio e não vale para a retirada do
material. Ou seja: o órgão sustenta
que não é culpa sua se as enchentes na capital se agravarem.
O serviço de desassoreamento
do rio Tietê foi parado na quinta-feira. O DNPM informou que o
Estado está permitindo que a
Triunfo explore um mineral sem
autorização do departamento.
O Estado paga R$ 5 por cada m3
de detritos retirados do Tietê. Desse total, o Daee estima que 85% sejam areia que pode ser vendida
após tratamento. O restante é formado por lixo e detritos.
Sem o acordo que permite a comercialização da areia, o Estado
seria obrigado a pagar R$ 30 por
m3 retirado, de acordo com o
Daee. O metro cúbico, que equivale a 1,8 tonelada, é vendido pela
Triunfo por cerca de R$ 14.
O superintendente do Daee, José
Bernardo Ortiz, afirmou que o departamento vai entrar na Justiça
com mandado de segurança para
suspender o embargo.
"Na época de chuva, são retirados cerca de 40 mil m3 de areia por
mês do rio Tietê. A suspensão do
serviço vai potencializar ainda
mais a ocorrência de enchentes
em São Paulo", disse o superintendente do Daee.
Ele alega que a retirada de areia
não pode ser considerada exploração mineral porque o Tietê é um
canal construído por obras de engenharia e não uma jazida.
"E, se nós suspendermos a comercialização da areia, podem
acontecer duas coisas: ou a empresa pára os serviços ou teremos
de pagar cinco vezes mais caro por
ele", disse Ortiz.
O contrato da Triunfo tem duração de cinco anos. A empresa pode retirar material acumulado no
rio Tietê em um trecho de 24 quilômetros, que vai do Cebolão até a
Penha, na zona leste.
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