São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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EFEITO VIOXX

Conselho avaliará riscos; medida chega após problemas com antiinflamatórios aprovados pela agência reguladora

EUA vão investigar remédios já à venda

DE NOVA YORK

A FDA, agência federal americana que regula os setores de alimentos e medicamentos, anunciou ontem a criação de um conselho especial para avaliar os riscos de remédios que já estão no mercado. A medida chega após problemas com antiinflamatórios que, embora aprovados pela agência, trazem riscos graves à saúde, como Vioxx e Celebra.
Estudos divulgados nos últimos meses mostraram que o uso prolongado dos dois medicamentos para artrite, receitados a milhões de pessoas no mundo todo, elevava o risco de problemas cardiovasculares. O Vioxx foi retirado do mercado por decisão da fabricante, a Merck, enquanto a Pfizer manteve seu Celebra nas prateleiras até concluir novos estudos.
No debate que se seguiu às revelações, a principal questão foi a política de aprovação da FDA, que permitem chegar ao mercado remédios mais nocivos do que benéficos. Figuras reputadas acusaram a agência de ter laços excessivamente estreitos com a indústria farmacêutica, que por sua vez teria no lucro sua prioridade.
A decisão de criar o conselho para monitorar remédios já à venda foi anunciada em uma reunião aberta de funcionários da FDA, iniciada ontem e que segue até amanhã. O secretário da Saúde e dos Serviços Humanos, Mike Levitt, disse ter ficado "claro" que a população "quer mais supervisão e abertura" da FDA. "Eles querem saber o que sabemos, o que fazemos com as informações e por que o fazemos", afirmou Levitt, prometendo "criar uma cultura de abertura e fortalecer a independência" da agência.
O novo conselho recomendará informações para divulgação no boletim sobre medicamentos da agência, arbitrará questões de segurança de medicamentos e supervisionará o desenvolvimento de uma nova política de segurança para a liberação de remédios. Entre seus membros, devem constar funcionários atuais da FDA e especialistas de outras agências do governo. Especialistas de fora do governo serão consultores, e grupos de consumidores e pacientes também terão contato freqüente com o conselho.
Uma das primeiras medidas será a criação de uma página na internet constantemente atualizada com informações sobre remédios, sobretudo sobre efeitos colaterais e como minimizá-los. O orçamento para o setor também deve aumentar em até 25%, segundo proposta do governo enviada ao Congresso. (LUCIANA COELHO)


Com agências internacionais

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