São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Barretos terá centro de prevenção ao câncer

Instituto, que levará o nome da cantora Ivete Sangalo e será construído a partir de março, será anexo ao HCâncer Barretos

Unidade foi inspirada em um projeto semelhante em funcionamento no Japão; obra, avaliada em R$ 22 mi, será concluída no fim de 2009

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O interior de São Paulo terá o primeiro instituto de prevenção ao câncer ligado ao SUS. A unidade será construída, a partir do próximo mês, em área anexa ao Hospital de Câncer de Barretos (450 km de São Paulo) e atenderá 71 municípios da região Norte e Nordeste do Estado. A obra, avaliada em R$ 22 milhões, deve estar concluída no final de 2009.
Um dos focos do instituto, que receberá o nome da cantora Ivete Sangalo, será a prevenção do câncer feminino. Essa ala ocupará quase metade do prédio -3.000 m2 dos 7.200 m2- e custará R$ 6 milhões, que serão bancados pelo Instituto Avon. As demais áreas serão construídas com doações, especialmente de artistas que ajudam o hospital.
A idéia é que, além da prevenção, o instituto absorva também os pacientes que estão na fase de investigação da doença. "Se a pessoa tem uma suspeita e vem para o hospital, ela não se sente bem de ficar no meio dos doentes com câncer", diz Edmundo Mauad, diretor médico da área de prevenção do HCâncer Barretos.
O instituto deve complementar um programa de prevenção pioneiro no país, implantado pelo hospital em 2002: em ônibus e caminhões, equipes percorrem cidades afastadas e zonas rurais, examinando e fazendo exames preventivos. Em cinco anos, o programa avaliou 39 mil mulheres.
Segundo Mauad, o objetivo é que, com o instituto, o hospital aumente a taxa de diagnóstico precoce do câncer, o que significa maiores chances de cura e tratamentos menos agressivos. Hoje, graças ao projeto móvel de prevenção, 60% dos cânceres de mama da região são diagnosticados na fase inicial -no Estado de São Paulo, apenas 20% são diagnosticados nessa condição. No mesmo período, a taxa de cânceres avançados passou de 40% para 6%.
"Vários locais da Europa associam a área física à unidade móvel. A unidade móvel serve para oferecer exames a pessoas que vivem em áreas mais distantes ou que têm maior dificuldade de acesso. A unidade física atende a população mais próxima e dá toda retaguarda na complementação diagnóstica", afirma Mauad.
Segundo médico, o instituto foi inspirado em um projeto semelhante em funcionamento no Japão. Em Tóquio, ao lado de um hospital público de câncer, o governo construiu um prédio exclusivo para o rastreamento da doença.
Além do câncer da mama, o instituto de Barretos se dedicará à prevenção dos tumores de próstata, pele, boca, entre outros. Fará ainda aconselhamento genético, biologia molecular, além de ensino e pesquisa (básica e clínica).
O HCâncer Barretos atende 98% de pacientes do SUS, com padrão de primeiro mundo, incluindo hotelaria a acompanhantes. São atendidas 2.500 pessoas por dia.
O governo paulista destina cerca de R$ 10 milhões por ano à unidade, e o governo federal, outros R$ 5 milhões. As doações de artistas e anônimos somam R$ 12 milhões anuais.


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