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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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ENTREVISTA

Encontro em São Paulo discute cuidados com a esclerose múltipla

DA REPORTAGEM LOCAL

A doença não tem cura, não tem causa definida e pode evoluir para formas incapacitantes. A melhor maneira de lidar com ela é diagnosticá-la corretamente e iniciar o tratamento rapidamente.
Um dos problemas é que seus sintomas são tão diversos que muitos médicos a confundem com outras doenças. Trata-se da esclerose múltipla, uma enfermidade neuroimunológica que atinge cerca de 15 pessoas em cada 100 mil, especialmente mulheres entre os 20 e os 40 anos.
A preocupação dos especialistas -neurologistas, no caso- é orientar médicos e pacientes para que fiquem atentos aos sinais da doença e à melhor condução. Esses foram os temas centrais do Encontro Latino-Americano de Especialistas em Esclerose Múltipla, que deve terminar hoje em São Paulo.
Uma das novidades, para médicos e pacientes, é a criação, nos hospitais universitários paulistas, de "centros de referência para nortear o diagnóstico e o tratamento da doença", diz Fernando Coronetti, membro do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e neurologista da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu. Abaixo, trechos da entrevista com o médico Coronetti:

Folha - Por quais formas a doença pode se manifestar?
Fernando Coronetti
- Além de sintomas genéricos como sensação de cansaço e dores musculares, é preciso ficar atento à urgência e à incontinência urinária sem causa definida. Outro sintoma é a neuralgia do trigêmeo, uma dor semelhante a choques no rosto que dura frações de segundo. A neurite óptica, que é o embaçamento e a dor em uma das vistas, é uma outra manifestação.

Folha - O que é a doença?
Coronetti
- Por alguma razão não conhecida, o organismo passa a produzir anticorpos contra a mielina, que é um revestimento dos neurônios. Com a dismielinização, ocorrerá uma inflamação de uma área do cérebro que vai se manifestar em algum sintoma neurológico, como perda de força ou paralisia de parte do corpo.

Folha - Como é o tratamento?
Coronetti
- Para o tipo mais comum da doença, que atinge 85% das vítimas, o tratamento é feito com a imunorregulação do organismo. A principal classe de droga são os interferons beta, produzidos por três laboratórios: o Avonex, do Abbott, o Rebif, da Serono, e o Betaferon, da Schering. Há também um imunorregulador, o acetato de glatiramer (Copaxone) da Biosintética. Todos esses medicamentos são reembolsados pelo Estado. Um tratamento mensal chega a custar de R$ 3.000 a R$ 4.500, além dos gastos decorrentes das consequências da doença.


Serviços de informação: Abbott, 0800-7011501; Serono, 0800-113320; Schering, www.schering.com.br; Biosintética, www.biosinteica.org.br


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