São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Mais dois PMs morrem no Rio; já são 12 em oito dias

Elson de Souza Rente foi baleado por assaltantes que roubavam transportadora; Aílton Lima da Fonseca morreu em operação em favela

DA SUCURSAL DO RIO

A onda de assassinatos de policiais continua no Rio de Janeiro. Mais dois policiais militares foram mortos ontem no Rio. O soldado Elson de Souza Rente, 30, foi morto de manhã com tiros na cabeça, no Jardim América (zona norte), dentro de uma transportadora que estava sendo assaltada por pelo menos sete homens.
À noite, o sargento Aílton Lima da Fonseca levou um tiro de fuzil na cabeça durante uma operação na favela da Metral (zona oeste). Ele foi levado para o Hospital Central da Polícia Militar, mas não resistiu.
Com os dois, já são 12 os PMs mortos desde o último dia 8. Cinco estavam a serviço, quatro de folga e três estavam à paisana, mas morreram ao ser identificados como PMs.
O cabo Leandro Ipanema Vilaverde, que acompanhava Rente ontem, foi baleado na mão e está internado.
O comandante-geral da corporação, coronel Ubiratan Ângelo, voltou a afirmar que os assassinatos são casos isolados, e não uma onda de ataques orquestrada contra PMs.
A Assembléia Legislativa do Rio decidiu ontem abrir uma CPI para apurar as mortes.
Segundo a Polícia Civil, Rente e Vilaverde foram até a transportadora Expresso Log porque receberam informação sobre uma movimentação estranha no local.
Ao chegar, foram atacados pelos ladrões, que pretendiam roubar uma carga de remédios. Os policiais reagiram e, na troca de tiros, Rente foi morto. O circuito interno de TV filmou toda a ação e a polícia está analisando as fitas.
Funcionários da empresa e vizinhos deram uma versão diferente. Segundo eles, todos os dias a PM fazia rondas no local, e os policiais entraram na empresa sem saber do assalto.
O episódio ocorreu por volta das 9h. Usando um carro e um caminhão, os ladrões renderam os seguranças e cerca de 50 funcionários e os trancaram em um galpão. Em seguida, obrigaram dez reféns a descarregar a carga de medicamentos que havia chegado e transferi-la para o veículo deles.
Quando os produtos começaram a ser retirados, os policiais chegaram. Os próprios ladrões abriram o portão.
No momento em que Rente e Vilaverde manobravam o carro, foram atacados a tiros e reagiram. Baleado na cabeça, Rente foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso (zona norte), onde morreu. Vilaverde foi levado para o hospital Getúlio Vargas (Penha, zona norte) e não corre risco.
Após a troca de tiros, os criminosos fugiram sem levar a carga de medicamentos, mas roubaram um fuzil e uma pistola dos PMs. Segundo funcionários e moradores das redondezas, pelo menos um dos ladrões teria sido baleado e foi socorrido pelos próprios comparsas.
Com a morte de Rente e Fonseca, chegou a 34 o número de policiais assassinados no Estado neste ano, sendo dez em serviço -quando estavam fardados ou participando de operações. Muitos, no entanto, morreram durante a folga porque foram reconhecidos como policiais por criminosos.
Foi o caso do sargento Hélio Ricardo Porto Valentino, assassinado na última terça-feira. Ele estava dirigindo seu carro quando foi abordado por homens armados. O grupo queria levar o veículo, mas, ao ver sua farda no banco traseiro, decidiu matá-lo.


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