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Área irrigada no Ceará não via enchente havia 25 anos
Diretor de órgão de combate à seca diz que novos projetos estarão em áreas mais altas
Na região Nordeste, há mais de 260 mil pessoas fora de casa e 40 mortos; previsão para o fim de semana
é de novos temporais
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
Com os fortes temporais que
atingem o Nordeste, até moradores que vivem em áreas do
semiárido onde há projetos de
combate à seca foram obrigados a abandonar suas casas.
Ao menos sete locais que participam do projeto de irrigação
do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, do governo federal) foram
afetados. O número total de
áreas administradas pelo órgão
no Nordeste é 38.
Das sete áreas de irrigação
alagadas, quatro estão no Ceará, uma na Paraíba, uma no Maranhão e uma no Piauí.
Em Morada Nova (CE), 202
famílias que vivem nos lotes tiveram de deixar as moradias.
Elas tiveram de alugar imóveis
em municípios vizinhos, abrigar-se em escolas ou seguir para casas de amigos e parentes.
Havia 25 anos isso não ocorria no perímetro irrigado de
Morada Nova. Nesses locais, há
a instalação de canais para levar a água de um reservatório
às terras irrigáveis, máquinas
para o seu bombeamento, entre
outros, além de galpões para a
estocagem da produção.
"Desde a década de 80 que o
povo não via isso aqui. O sistema de drenagem não suportou
o excesso de água e os moradores de uma região do perímetro
tiveram que sair", diz Geneziano Martins, diretor de irrigação
da vila. Plantações de arroz ficaram embaixo d'água.
"Esses lotes atingidos foram
construídos no modelo antigo
de irrigação, em áreas baixas,
próximos de rios e açudes, onde
há declividade. Os novos projetos foram implantados em
áreas mais altas para evitar, entre outras coisas, problemas como esse", afirma o diretor-geral
do Dnocs, Elias Fernandes.
Em Sousa (445 km de João
Pessoa), outros 500 moradores
da vila de São Gonçalo, que
também vivem em áreas com
infraestrutura de irrigação do
Dnocs, tiveram de abandonar
as casas. Parte das plantações
de banana e coco foi perdida.
"Quando a densidade da chuva é alta, os moradores das
áreas mais baixas vão desocupando suas casas", diz Francisco de Oliveira, servidor do
Dnocs. Ele mesmo teve a casa
alagada no ano passado por
causa das chuvas na Paraíba e
teve de deixar o perímetro com
cerca de 2.000 pessoas.
No projeto Várzea dos Flores, em Joselândia (MA), os
proprietários dos lotes perderam suas plantações de arroz e
milho nos últimos dias.
Para o diretor-geral do
Dnocs, é possível melhorar os
diques e os sistemas de drenagem dos perímetros afetados.
Fernandes diz, no entanto, que
desde a década de 80 não eram
registradas inundações como
essas nas áreas.
Já são mais de 260 mil pessoas fora de casa e 41 mortos
em razão dos temporais no
Nordeste. O número de vítimas
pode ser maior devido ao registro de desaparecidos.
A previsão para o fim de semana, segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, é de chuva forte em todos os nove Estados da região.
Colaboraram GUSTAVO HENNEMANN e RENATA BAPTISTA, da Agência Folha
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