|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Multicultural, Bom Retiro tem 215 opções de patrimônio
Iphan escolhe no 2º semestre a expressão cultural mais representativa da região
Distrito, onde há imigrantes de diversas origens, foi escolhido pela diversidade; será o primeiro patrimônio imaterial da cidade de SP
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A dança tradicional coreana,
a feira boliviana Kantuta e a
procissão grega de Sexta-Feira
Santa estão entre as 215 expressões culturais do Bom Retiro (centro de SP) candidatas a
virar patrimônio nacional.
O Iphan, órgão federal de
preservação do patrimônio,
elegerá no segundo semestre a
principal expressão cultural do
distrito, que se tornará patrimônio cultural imaterial. A cidade de São Paulo não possui
nenhum bem nessa categoria,
que abrange tudo o que não é
palpável e que tem importância
histórica, como festas, técnicas
e receitas culinárias.
Entre os 15 bens imateriais já
registrados pelo Iphan, estão a
celebração do Círio de Nossa
Senhora de Nazaré, em Belém,
o frevo pernambucano e o modo das baianas de fazer acarajé.
A diversidade cultural do
Bom Retiro, onde convivem famílias de imigrantes italianos,
poloneses, gregos, húngaros,
búlgaros, armênios, coreanos,
bolivianos e paraguaios, colocará SP nesse mapa cultural.
O levantamento sobre o distrito, iniciado em 2004 e concluído neste ano, será divulgado em formato de CD-ROM no
segundo semestre. "A partir do
inventário, faremos a escolha
do bem mais representativo",
afirma Simone Toji, técnica do
Iphan responsável pelo estudo.
Segundo ela, é preciso que o
órgão eleja apenas uma das manifestações, porque dificilmente a região como um todo poderia ser preservada. "Em um amplo território, nossa [do Iphan]
preservação do patrimônio é
insuficiente", explica.
De acordo com Simone, integram o levantamento do Bom
Retiro mais de 60 edificações
consideradas símbolos do multiculturalismo local, como a
igreja ortodoxa grega da rua
Matarazzo ou o Taib (Teatro de
Arte Israelita Brasileiro).
Origens
O nascimento do bairro coincide com a criação do Jardim da
Luz, em 1825. Segundo a mestranda da USP Marcela Rufato,
autora de um estudo sobre os
imigrantes do Bom Retiro, o local concentrava chácaras de veraneio. Depois de vendida pela
prefeitura e loteada, a área foi
se tornando polo industrial, fato impulsionado pela proximidade da linha ferroviária que
chegava à Estação da Luz.
No início do século 19, o Bom
Retiro foi povoado por operários italianos, primeira leva de
imigrantes a viver no local.
A área, degradada pela ferrovia e pelas indústrias instaladas, oferecia moradia barata,
vantagem aproveitada nas décadas seguintes por novas levas
de estrangeiros que foram mudando a cara e os hábitos locais.
Preservação
Depois que viram patrimônio, os bens passam a receber
auxílio do Iphan para a manutenção de suas atividades. As
baianas do acarajé, por exemplo, tiveram ajuda para formar
uma associação e passaram a
usar a declaração para justificar
seu trabalho quando abordadas
por policiais. Já o samba de roda do Recôncavo Baiano recorreu ao Iphan para reformar o
edifício que virou sua sede em
Santo Amaro da Purificação.
Texto Anterior: Área irrigada no Ceará não via enchente havia 25 anos Próximo Texto: Quem chega não sai mais, afirma grego Índice
|