São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011 |
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ANÁLISE 3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008 HÉLIO SCHWARTSMAN ARTICULISTA DA FOLHA Quando se fala em analfabetismo no Brasil, é preciso antes de mais nada distinguir passado e futuro. Enquanto a taxa de iletrados é de 13,27% entre as pessoas com mais de 30 anos, ela fica em mais modestos 3,22% para a população entre 10 e 29 anos, de acordo com os dados do Censo 2010. Isso significa que índices de quase 10% são basicamente um problema do passado. Se o Brasil não fizer nada em favor dessa população e apenas deixar o tempo passar, o analfabetismo já cairá. Vai levar ainda algumas décadas, porque a expectativa de vida (inclusive a dos mais pobres) tem aumentado ao longo dos últimos anos, mas essas taxas relativamente altas de iletrados têm prazo de validade para acabar. Poderíamos, é claro, em nome da cidadania, catalisar esse processo investindo em programas de alfabetização para os adultos. O problema aqui é principalmente a falta de interesse dos supostos interessados. Só 3% dos analfabetos fora da idade escolar frequentaram uma sala de aula em 2008, segundo a Pnad. De algum modo, eles parecem estar sobrevivendo relativamente bem mesmo sem saber ler e escrever. Seria interessante investigar quais as causas da baixa procura pelos cursos, além, é claro, de sua ineficácia e das conhecidas dificuldades de acesso. Para o futuro, entretanto, o que importa é olhar para as taxas de analfabetismo entre os mais jovens. E a situação neste caso não enseja comemorações. Os 3,22% registrados na faixa entre 10 e 29 preocupam. Pior ainda quando se considera que, entre os 10 e os 14 anos, o índice sobe para 3,91%. Isso significa que a escola está ensinando a ler muito tarde e muito mal. Não haveria, em princípio, nenhum motivo para não conseguirmos proporções inferiores a 1% nessa faixa, como ocorre em países do primeiro mundo. Em teoria, apenas crianças com algum problema neurológico grave não aprendem a ler. Para tornar o quadro um pouco mais sombrio, vale lembrar que não estamos aqui falando de vencer o analfabetismo funcional, que implica atingir um nível de leitura e escrita adequado às necessidades do indivíduo, mas de derrotar o analfabetismo absoluto, para o que basta ser capaz de decodificar um bilhete com meia dúzia de palavras simples. Texto Anterior: Outro lado: Problema é concentrado no meio rural, diz ministro Próximo Texto: Morro do Alemão vive fim de semana de zona sul carioca Índice | Comunicar Erros |
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