São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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SEGURANÇA

Paralisação afetou audiências, entrega de alimentos e visita de advogados; sindicato quer 40,8% de reajuste

Greve nos presídios de SP tem adesão recorde

DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionários do sistema prisional paulista iniciaram ontem uma greve por reajuste salarial que, segundo números do sindicato da categoria e do próprio governo, atingiu adesão histórica.
De acordo com o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, 93 das 118 unidades (78,8%) tiveram as atividades prejudicadas. Para a Secretaria da Administração Penitenciária, foram 59 (50%).
Mesmo os números da secretaria, porém, mostram que o número de grevistas é recorde. Em 2001, depois da megarrebelião em presídios paulistas organizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), funcionários de 38 unidades suspenderam o trabalho por dois dias. Segundo o sindicato, essa era a maior mobilização conseguida pela categoria até então.
"Foi um recorde [o verificado ontem]. Surpreendeu a todos nós", disse Antônio Ferreira, secretário-geral do sindicato dos funcionários. "Isso mostra o grande descontentamento da categoria", concluiu Ferreira.
Os funcionários foram orientados pelo sindicato a assinar o ponto de presença, mas apenas os serviços de alimentação, saúde e recebimento de alvarás de soltura foram mantidos.
A secretaria informou que nenhum incidente no sistema foi registrado por causa da paralisação. O sindicato disse que presos do CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 de Osasco, na Grande São Paulo, tentaram serrar as grades das celas, mas foram descobertos pelos agentes.
A Polícia Militar passou a trabalhar em estado de alerta em Presidente Bernardes (589 km de SP). "Estamos de sobreaviso e, diante de alguma eventualidade, poderemos atuar", afirmou o tenente Carlos Olivetti, da assessoria de comunicação do 18º Batalhão.
No presídio de segurança máxima instalado no município, estão alguns dos criminosos mais perigosos do país, como o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
A informação do comando de greve de que os servidores de Presidente Bernardes aderiram à greve foi contestada pelo coordenador regional da Administração Penitenciária, Carlos Augusto Panucci. Ele disse que "todos os [funcionários] escalados trabalharam normalmente".
O sindicato dos funcionários do sistema prisional quer 40,8% de reajuste salarial, aposentadoria especial, plano de carreira, creche para os filhos e equiparação dos salários dos agentes de escolta e vigilância (função exercida anteriormente por policiais militares) aos dos agentes penitenciários, que ganham quase o dobro.
A categoria é composta por 18.457 agentes penitenciários e 3.300 agentes de escolta e vigilância. Segundo a secretaria, as 118 unidades prisionais abrigam 102 mil detentos.
O Tribunal de Justiça informou que nenhum preso do sistema prisional foi apresentado ontem no Fórum Criminal da Barra Funda (zona norte de São Paulo) para as audiências marcadas. A redução foi de 40%. Os 60% restantes, que foram ouvidos, estão sob responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública, que mantém em delegacias e cadeias públicas 26 mil detentos.
Uma reunião às 9h de hoje pode resultar em um acordo para a suspensão da greve. A proposta de reajuste salarial ainda está sendo estudada pelo governo. O sindicato faz nova assembléia no final da tarde de hoje.


Colaborou a Agência Folha

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