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SEGURANÇA
Paralisação afetou audiências, entrega de alimentos e visita de advogados; sindicato quer 40,8% de reajuste
Greve nos presídios de SP tem adesão recorde
DA REPORTAGEM LOCAL
Funcionários do sistema prisional paulista iniciaram ontem uma
greve por reajuste salarial que, segundo números do sindicato da
categoria e do próprio governo,
atingiu adesão histórica.
De acordo com o Sindicato dos
Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo, 93 das
118 unidades (78,8%) tiveram as
atividades prejudicadas. Para a
Secretaria da Administração Penitenciária, foram 59 (50%).
Mesmo os números da secretaria, porém, mostram que o número de grevistas é recorde. Em 2001,
depois da megarrebelião em presídios paulistas organizada pelo
PCC (Primeiro Comando da Capital), funcionários de 38 unidades suspenderam o trabalho por
dois dias. Segundo o sindicato, essa era a maior mobilização conseguida pela categoria até então.
"Foi um recorde [o verificado
ontem]. Surpreendeu a todos
nós", disse Antônio Ferreira, secretário-geral do sindicato dos
funcionários. "Isso mostra o
grande descontentamento da categoria", concluiu Ferreira.
Os funcionários foram orientados pelo sindicato a assinar o
ponto de presença, mas apenas os
serviços de alimentação, saúde e
recebimento de alvarás de soltura
foram mantidos.
A secretaria informou que nenhum incidente no sistema foi registrado por causa da paralisação.
O sindicato disse que presos do
CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 de Osasco, na Grande São
Paulo, tentaram serrar as grades
das celas, mas foram descobertos
pelos agentes.
A Polícia Militar passou a trabalhar em estado de alerta em Presidente Bernardes (589 km de SP).
"Estamos de sobreaviso e, diante
de alguma eventualidade, poderemos atuar", afirmou o tenente
Carlos Olivetti, da assessoria de
comunicação do 18º Batalhão.
No presídio de segurança máxima instalado no município, estão
alguns dos criminosos mais perigosos do país, como o narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar.
A informação do comando de
greve de que os servidores de Presidente Bernardes aderiram à greve foi contestada pelo coordenador regional da Administração
Penitenciária, Carlos Augusto Panucci. Ele disse que "todos os
[funcionários] escalados trabalharam normalmente".
O sindicato dos funcionários do
sistema prisional quer 40,8% de
reajuste salarial, aposentadoria
especial, plano de carreira, creche
para os filhos e equiparação dos
salários dos agentes de escolta e
vigilância (função exercida anteriormente por policiais militares)
aos dos agentes penitenciários,
que ganham quase o dobro.
A categoria é composta por
18.457 agentes penitenciários e
3.300 agentes de escolta e vigilância. Segundo a secretaria, as 118
unidades prisionais abrigam 102
mil detentos.
O Tribunal de Justiça informou
que nenhum preso do sistema
prisional foi apresentado ontem
no Fórum Criminal da Barra Funda (zona norte de São Paulo) para
as audiências marcadas. A redução foi de 40%. Os 60% restantes,
que foram ouvidos, estão sob responsabilidade da Secretaria da
Segurança Pública, que mantém
em delegacias e cadeias públicas
26 mil detentos.
Uma reunião às 9h de hoje pode
resultar em um acordo para a suspensão da greve. A proposta de
reajuste salarial ainda está sendo
estudada pelo governo. O sindicato faz nova assembléia no final da
tarde de hoje.
Colaborou a Agência Folha
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