São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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BARBARA GANCIA

O Chucky da seleção

Pode ser que Ronaldo se recupere, mas, para bater Pelé, é bom o nenê de dona Sônia deixar de fricote

VAI MAL, torcida brasileira!
Não é preciso ser nenhum Armando Nogueira para depreender que o ambiente na seleção tapuia já não é o de uma festa de paróquia do interior.
Eu pergunto: alguém viu Ronaldinho Gaúcho sorrir durante a partida contra a Croácia? Eu torno a perguntar: por que metade do time não correu para o abraço na comemoração do gol de Kaká?
Diz que teve bate-boca no vestiário, no intervalo do jogo. Depois soubemos que Ronaldo ficou magoado com o comentário de Kaká, pedindo que a estátua do Borba Gato que veste a camisa 9 da seleção se movimente mais em campo.
Ora, ora. Melindrou de novo, Roliçonaldo? Já não estava de bom tamanho ter soltado os cachorros em cima do presidente da República, só porque a autoridade máxima do país atreveu-se a fazer a pergunta que está, com toda a legitimidade, nos lábios de outras 6 bilhões de pessoas?
A carranca e a impaciência que o Ronaldo versão Bussunda adotou pode fazer sucesso lá na casa do seu parceiro de balada, o playboy Álvaro Garnero. Mas dentro da seleção brasileira tem uma garotada que não nega a cor da pele, como o jogador chegou a fazer quando disse não ser alvo de racismo por ser branco, e que leva o trabalho muito a sério.
Ponha-se no lugar do Kaká, Ronaldo. O cara não é chegado em fuzarca nem corre atrás de todo e qualquer ser com mais de 30 quilos que desfile nas passarelas do Rio Fashion Week. Ciente de que o adiposo (até prova em contrário) atacante aproveitou as folgas da seleção para ir conhecer inferninhos em Lucerna e Frankfurt, a dias da estréia do Brasil, Kaká fica sabendo que Ronaldo está acamado com febre. Ele tem ou não o direito de ficar fulo da vida com o colega?
O novo Ronaldo quer ter liberdade para fazer tudo o que lhe der na veneta sem que lhe invadam a privacidade. É casamento milionário em castelo, é gandaia em barco na costa da Sardenha, é uma festa de arromba atrás da outra em Madri.
Ao mesmo tempo, exige ser tratado com o respeito normalmente dedicado a figuras como Nelson Mandela ou sua Santidade, o papa. Sempre irritadiço com a imprensa, Rossobuconaldo não aceita mais cobranças fora de campo e, dentro, depois de dar uma das exibições mais vexatórias de um atacante brasuca na história dos mundiais, ainda é capaz de chiar ao ser substituído (na metade do segundo tempo, note) por Robinho.
Em 1998, o drama da derrota do Brasil no Stade de France começou a tomar forma a partir de um problema pessoal de Ronaldo. Na época, ele namorava Suzana Werner, atual mulher do goleiro-reserva Júlio César. Sabe-se que o celular que o camisa 9 usava na concentração acabou em pedaços depois de ser atirado contra a parede durante uma briga do casal.
Pode ser que, no domingo, Ronaldo se recupere e que esta coluna seja relegada a embrulho de peixe. Tomara. Sempre fui fanzaça do Fenômeno e odeio vê-lo no papel de Chucky. Mas, se quiser bater os recordes de Pelé, é bom o nenê de dona Sônia deixar de fricote.


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