|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Poços abandonados são ameaça para o aqüífero Guarani
Reserva de água potável, a maior da América Latina, é considerada estratégica para o abastecimento do Cone Sul
Sem vedação adequada,
as unidades sem uso na
região de Ribeirão Preto (SP) facilitam a contaminação das águas no subsolo
ANA LÍGIA VASCONCELLOS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Cerca de 500 poços artesianos abandonados em Ribeirão
Preto ameaçam o aqüífero
Guarani, a maior reserva de
água potável da América Latina
e uma das maiores do mundo,
com 1,2 milhão de km2, que se
estende por Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai.
O sistema é considerado estratégico para o abastecimento
do Cone Sul -cerca de 15 milhões de pessoas vivem na área
de abrangência do aqüífero. A
previsão é de aumento do número de usuários em razão,
principalmente, do crescimento populacional e do aumento
do consumo industrial.
Como os poços abandonados
não são devidamente tampados, a contaminação é direta, já
que não há nenhuma barreira
para impedir a chegada da água
da chuva ao aqüífero.
"O poço abandonado é um
risco porque não se sabe onde
está, não se usa, não está lacrado. Mas não é o único vilão",
disse o geólogo Heraldo Campos, representante da OEA
(Organização dos Estados
Americanos) no Projeto Sistema Aqüífero Guarani. "É o pior,
mas nada impede que um poço
em funcionamento mal construído, um clandestino, também possa ter contaminação."
A estimativa de poços abandonados é do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto). A situação levou
o Comitê da Bacia Hidrográfica
dos rios Pardo e Grande a restringir a abertura de poços em
três zonas do município.
Além disso, levou o Daee
(Departamento de Água e
Energia Elétrica) a elaborar
um projeto para transformar
250 desses locais em pontos de
monitoramento do aqüífero,
para o controle da qualidade e
do nível da água.
Entre os poços abandonados,
93 são do próprio Daerp -a
maioria, no entanto, segundo a
autarquia, fica em propriedades privadas, o que dificulta a
sua detecção. O abandono de
poços é um grande complicador para a gestão de água porque, dependendo da localização, contribui diretamente para a contaminação do aqüífero.
"Pelo preço, as pessoas contratam empresas para fazer poços que não respeitam as normas. Então, quando se deparam com água de má qualidade,
com contaminação bacteriológica ou poço que dá areia, abandonam", disse João Paulo Correia, geólogo do Daerp.
Outro motivo, apontado pelo
ambientalista Rodrigo Agostinho, do Instituto Ambiental
Vidágua, para o abandono, é o
esgotamento dos poços após
superexploração.
A multa mínima prevista para quem for flagrado com poço
abandonado em sua propriedade é de R$ 500. Se a irregularidade persistir por 30 dias, a cobrança passa a ser diária.
Texto Anterior: Sistema prisional: Presos amotinados ainda mantêm seis reféns no ES Próximo Texto: Outro Estado barra lei da acupuntura para não-médicos Índice
|