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Outro Estado barra lei da acupuntura para não-médicos
Segundo CRM, proibição visa evitar erros de diagnóstico; decisão mira portaria do governo que autoriza a prática
Profissionais da saúde acupunturistas dizem que conselho tenta estabelecer uma reserva de mercado, além do monopólio da cura
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais um CRM (Conselho Regional de Medicina), agora do
Espírito Santo, proibiu que
seus médicos adotem a portaria
do Ministério da Saúde que libera a prática da acupuntura e
da homeopatia a profissionais
da saúde não-médicos.
Há menos de um mês, o conselho do Maranhão adotou medida semelhante e o CFM
(Conselho Federal de Medicina) estuda tomar a mesma decisão no âmbito nacional. A Federação Nacional dos Médicos
já anunciou que ingressará na
Justiça contra a portaria.
As associações médicas consideram a acupuntura e a homeopatia atos médicos por necessitar de diagnóstico. Para
Rui Tanigawa, presidente da
Associação Médica Brasileira
de Acupuntura, só o médico pode avaliar um problema e indicar o seu tratamento correto.
"Uma dor de cabeça pode ser
uma enxaqueca ou um aneurisma, por exemplo. É preciso saber avaliar até onde a acupuntura pode ser aplicada e em que
situações o paciente deve procurar outro especialista."
Já os profissionais da saúde
acupunturistas alegam que os
médicos querem reserva de
mercado de uma especialidade
para a qual a própria OMS (Organização Mundial de Saúde)
autoriza a prática por profissionais não-médicos.
"A reação dos médicos soa
como uma tentativa de reserva
de mercado, corporativismo e
monopólio da cura", diz o fisioterapeuta Márcio de Luna, presidente da Associação Brasileira da Acupuntura no Rio de Janeiro. Para ele, o importante é
que o profissional de saúde tenha uma formação de qualidade. "Isso independe de ser ou
não médico."
Fernando Rodrigues Costa,
presidente do CRM do Espírito
Santo, diz que um dos maiores
perigos de a acupuntura ser
praticada por não-médicos são
os possíveis diagnósticos equivocados. "Ficar insistindo na
acupuntura, quando o problema requer outro tipo de terapia, é um grande risco", diz ele.
Em nota, o Ministério da
Saúde informou que respeita a
manifestação dos médicos e a
opinião das demais categorias
envolvidas na elaboração da
portaria 971. "A portaria foi
amplamente discutida com as
sociedades civil, médica e científica, integrantes do Conselho
Nacional de Saúde [CNS]."
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