São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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RIO

Flávio Reginaldo dos Santos, o Buda, seria ligado ao traficante Elias Maluco

Suposto líder de tráfico é assassinado

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O suposto traficante Flávio Reginaldo dos Santos, 31, o Buda, foi morto na manhã de ontem em um tiroteio com policiais da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) da Polícia Civil, na favela Vila Cruzeiro (zona norte do Rio).
Segundo a polícia, Buda pertencia à quadrilha do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, apontado como principal responsável pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, no dia 2 de junho.
Segundo a chefe de investigações da DRE, inspetora Marina Maggessi, Buda foi designado por Elias Maluco para assumir o tráfico na Vila Cruzeiro após a morte de André da Cruz Barbosa, o André Capeta, na última terça-feira.
A inspetora disse que Buda estava na casa da sogra e reagiu à prisão, dando início a um tiroteio. Baleado, ele foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha (zona norte), onde morreu.
Na operação, os policiais disseram ter apreendido uma granada, uma pistola, três celulares e um radiotransmissor.
Segundo a policial, Buda incendiou um carro da unidade, no ano passado, o que teria levado Elias Maluco a afastá-lo do comando do tráfico na Vila Cruzeiro.
Buda é o quarto integrante do bando de Elias Maluco que morre em oito dias. Na quinta da semana passada, Maurício de Lima Mathias, o Boizinho, e Ricardo Victor dos Santos, o Cuco, foram mortos por policiais na favela de Vigário Geral (zona norte).
Dos nove indiciados pela morte do jornalista, dois morreram, cinco estão presos e dois seguem em liberdade -Elias Maluco e Renato de Souza Lopes, o Ratinho.

Investigações
A polícia aguarda o resultado do laudo do IML (Instituto Médico Legal) para confirmar a hipótese levantada pelo chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, de que André Capeta teria se suicidado.
O exame vai identificar se havia vestígios de pólvora na mão do traficante, o que comprovaria a hipótese da polícia de suicídio.
O delegado titular da 22ª DP, Milton Siqueira Júnior, disse que a polícia investiga também a possibilidade de Capeta ter sido morto a mando do próprio Elias Maluco, por causa de uma rixa na quadrilha, ou por policiais, numa espécie de "queima de arquivo".
A Corregedoria de Polícia Unificada investiga se o cabo Luiz Gustavo Euzébio, do Corpo de Bombeiros, está envolvido no caso. Ao depor, ele disse ter sido obrigado por traficantes a conseguir uma ambulância para levar Capeta ao hospital. Em uma fita gravada pela clínica Doutor Balbino (Olaria, zona norte), onde Capeta recebeu o primeiro atendimento, não há sinais de que o cabo tenha agido sob ameaça de traficantes.

Comércio fechado
O comércio de três ruas próximas ao morro do Palácio, em Niterói (14 km do Rio de Janeiro), permaneceu fechado a maior parte da manhã de ontem por ordem de traficantes da favela.
A ordem foi um protesto pela morte de dois supostos traficantes e a prisão de um terceiro em operação da PM, anteontem à noite.
Até as 19h de ontem, os homens haviam sido identificados só como Júlio César, o Playboy, e Anacleto, o Pará, mortos a tiros por PMs. Na operação, foi preso Júlio Eduardo Medeiros Conceição, 25, acusado de integrar a quadrilha do morro, ligada à facção criminosa CV (Comando Vermelho).
As lojas das ruas Presidente Pedreira, Presidente Domiciano e Lara Vilela chegaram a abrir no começo da manhã, mas pouco depois das 9h fecharam as portas, depois da determinação dos traficantes. Um laboratório de análises clínicas e os museus Histórico e de Artes e Tradições Populares não funcionaram.
Policiais do 12º BPM (Batalhão de Polícia Militar) passaram o dia nas ruas do bairro, para garantir que o comércio fosse reaberto, o que só ocorreu no início da tarde.
Na operação de anteontem, a PM diz ter apreendido 280 sacolés (pequenos embrulhos) de cocaína, um revólver e duas pistolas.


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