DA REPORTAGEM LOCAL

A administração Marta Suplicy (PT) fez ontem uma troca no comando do órgão que cuida do transporte coletivo em São Paulo.
Carlos Alberto Carmona deixou a presidência da SPTrans (São Paulo Transporte), que fiscaliza a ação dos perueiros e das empresas de ônibus, e foi substituído por Maurício Thesin, que era diretor operacional da empresa.
A mudança foi feita para que Carmona assuma a partir deste semestre, em tempo integral, a presidência da comissão que organizará a licitação para selecionar as viações de ônibus que poderão operar por até 25 anos, a partir de julho do ano que vem.
Ele também deverá controlar uma das duas empresas que serão criadas para cuidar da fiscalização e das finanças no novo sistema.
"O cargo tem menos pompa, mas tem maior importância política e estratégica", disse Zarattini.
A troca de função acontece em um momento de desgaste do transporte paulistano. O grupo Constantino de Oliveira, líder de mercado no país, dono da empresa aérea Gol e que já teve 30% da frota de São Paulo, está deixando a cidade alegando falta de lucro.
Das duas viações que ele ainda controlava, a Farol da Barra foi vendida, duas semanas atrás, para um funcionário do empresário Romero Niquini. A Marazul está sendo negociada com Luís Saraiva, proprietário da viação Santa Brígida, e Belarmino Marta -terceiro maior grupo de São Paulo.
Nos últimos meses, Constantino já havia repassado para Leonardo Capuano as empresas Cidade Tiradentes, Santo Amaro e Ibirapuera. A frota de 219 ônibus das duas últimas foi vendida nesta semana -com a mudança, 91 deles sairão da zona sul para a leste- e não circulou ontem.
"O interesse do empresariado é evitar que haja disputa na licitação, tentando apontar a precariedade do sistema", disse Zarattini.
Segundo a Folha apurou, embora a nova função de Carmona seja citada como uma "promoção" pela gestão Marta, alguns empresários avaliam que ele perdeu poder, já que poderia fazer esse trabalho sem sair da SPTrans.
Tanto Carmona como Thesin são amigos de Zarattini, mas Thesin, que atuava na CMTC na gestão Erundina, é mais próximo do PT. Carmona é ligado ao PC do B. A mudança pode favorecer a relação com os motoristas. "O Thesin tem um relacionamento melhor com a gente", disse Edivaldo Santiago, presidente do sindicato. (ALENCAR IZIDORO)


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