São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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Prefeitura nega impacto econômico

DA REPORTAGEM LOCAL

A administração Marta Suplicy nega que já haja impactos econômicos no sistema provocados pelo bilhete único, mas evita revelar suas projeções para 2005.
A versão é de que a atração de novos usuários pagantes -oriundos de metrô, clandestinos e carros- compensa uma eventual perda de arrecadação futura e que os custos não vão subir porque a frota será mantida e terá menos gastos com combustível e manutenção após a inauguração de corredores de ônibus que a livra dos congestionamentos.
A prefeitura reconhece a imprevisibilidade do cartão magnético. "O bilhete único é como a grama da praça. Os pedestres passam, em seguida os caminhos se ajeitam", diz Adauto Farias, representante da SPTrans (órgão municipal de transporte), que atribui a elevação dos subsídios neste ano, em relação a 2003, a custos decorrentes de reajuste salarial de condutores e renovação da frota.
Empresários de ônibus afirmaram à Folha que os repasses feitos pela prefeitura de subvenções e das baldeações nos terminais começaram a sofrer atrasos após a implantação do bilhete único.
A verba dos terminais, que deveria ter sido paga no dia 20 de julho, não havia sido depositada até a semana passada. A dos subsídios, prevista para sair no dia 5, foi paga somente no dia 10. Esse atraso motivou a ameaça de atraso nos pagamentos pelas viações de um sócio do grupo Ruas, líder do setor em São Paulo.
Adauto Farias diz que, contratualmente, a "demora" para fazer esses repasses não configura atraso, já que não se trata de dinheiro arrecadado na catraca. Ele atribui essa situação a um ajuste de fluxo de caixa, pelo fato de as compras de vale-transporte com bilhete único, por serem mais ágeis, serem feitas com menos antecedência pelas empresas do que na época do vale-transporte em papel.
Farias diz que a tese de queda de arrecadação pós-bilhete único não se confirmou -houve até uma alta, mas "artificial", motivada pelo fato de boa parte dos passageiros de lotação passar a ser controlada eletronicamente, sem margem para subnotificação.
Sobre a diferença entre os déficits (arrecadação menos remuneração dos operadores) de maio -R$ 19,4 milhões- e de junho -R$ 26 milhões-, ele alega que se trata de variações mensais naturais, que serão compensadas no balanço de julho. (AI)

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