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Para Lula, caos aéreo está "resolvido em parte"
Presidente admitiu que planeja fazer alterações na Anac, que vem sendo alvo de críticas do governo desde o início da crise
No Congresso, já existe uma discussão sobre a
possibilidade de interrupção dos mandatos dos diretores
das agências reguladoras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o
caos aérea "está resolvido em
parte" e admitiu que planeja
mudanças na Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), em
entrevista no Itamaraty.
"Acho que está resolvido em
parte. Ele [o novo ministro da
Defesa, Nelson Jobim] está há
poucos dias no ministério, não
dá para fazer tudo", afirmou.
"Ao ministro Jobim foi dada
carta branca para fazer as mudanças que é preciso fazer na
estrutura aérea brasileira. Obviamente que a coisa mais demorada é fazer uma pista de aeroporto, que você não faz num
dia, demora tempo para fazer,
mas também estamos estudando", afirmou o presidente.
Uma das questões que vêm
sendo discutidas para atenuar
os problemas da aviação é a
construção de uma terceira pista no aeroporto de Cumbica,
em Guarulhos.
No início deste mês, Lula havia comparado a gravidade da
crise aérea a uma "metástase" e
dito que estava mal informado
sobre a extensão do problema.
Ontem, o petista admitiu pela primeira vez abertamente
que planeja fazer mudanças na
Anac, alvo de muitas críticas
dentro do governo desde o início da crise aérea. "Na hora em
que tiver de mudar [os integrantes da agência], o ministro
Jobim me procura e propõe as
mudanças", afirmou o presidente, pouco antes de almoço
com o presidente do Benin, Boni Yaji.
Entraves legais
O presidente reconhece que
há entraves na legislação para
fazer as mudanças, mas diz que
elas serão estudadas pelo Ministério da Defesa. "Não sei, temos problemas legais que temos de ver, mas isso tudo é por
conta do ministro Jobim", afirmou Lula.
Atualmente já existe uma
discussão no Congresso sobre a
possibilidade de interrupção
dos mandatos dos diretores das
agências.
A idéia é que seja criado algum mecanismo que permita a
retirada dos diretores, mas que
não seja uma demissão com base apenas em decisão do presidente da República. Uma das
hipóteses é que o próprio Legislativo -responsável por sabatinas os diretores indicados- possa revogar os mandatos dos diretores.
A estabilidade dos diretores
das agências é vista como importante pelos investidores,
porque seria uma garantia de
que não haverá mudança de regras em suas áreas, que normalmente envolvem investimentos de bilhões de reais. Por
isso existe um cuidado do governo e do Congresso em fazer
as alterações de modo que se
mantenha a aparência de "independência" das agências.
(PEDRO DIAS LEITE E LETÍCIA SANDER)
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