São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RS tem mais morador de rua obeso do que desnutrido

Pesquisa feita em Porto Alegre mostra que 15% das pessoas que moram nas ruas estão acima do peso; desnutrição atinge 4%

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Três em cada 20 moradores de rua em Porto Alegre (RS) têm excesso de peso. É o que mostra levantamento realizado pela Cosans (Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável), órgão da prefeitura da capital gaúcha.
Segundo o trabalho, há mais moradores de rua com obesidade ou sobrepeso do que com desnutrição entre 136 adultos entrevistados: 21 (ou 15,4%) contra seis (4,4%). A maioria (80,1%), porém, está dentro dos padrões considerados normais de nutrição (109 moradores).
Os nutricionistas da prefeitura levaram em conta o IMC (índice de massa corporal) de 136 moradores de rua que freqüentam um restaurante popular da cidade.
É considerado saudável quem tem índice entre 18,5 a 24,9. Houve casos de moradores de rua com índices superiores a 30. O levantamento foi feito entre abril e agosto.
Segundo o nutricionista Rafael Longhi, coordenador da pesquisa, a partir desses dados será possível realizar outros levantamentos para identificar problemas como diabetes, colesterol alto e até anorexia entre essa população da cidade.
Segundo o coordenador da Cosans, Carlos Antônio da Silva, o resultado pode ser explicado pelo fato de muitos tentarem ajudar os moradores de rua oferecendo alimentos inadequados, como lanches, bolachas e refrigerantes.
"Não é o que recomendamos. O problema é que quando a fome aperta, o instinto fala mais alto. Por isso, queremos que essas pessoas sejam encaminhadas para abrigos e, depois, para os restaurantes populares, onde terão uma alimentação adequada e orientações", diz.
O coordenador do Cosans afirma ainda que o consumo de bebida alcoólica pode causar problemas nutricionais.
Uma assistente social de Porto Alegre, que pediu para não ser identificada, trabalha há 13 anos com moradores de rua e diz que a obesidade entre essa população é comum, mas que esse perfil está mudando em razão do consumo de crack -o que, segundo ela, não é identificado na pesquisa.
Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE em 2004, o excesso de peso atinge 40,6% de toda a população brasileira adulta.


Texto Anterior: Morador propõe cota para guarda-sol
Próximo Texto: Legislativo: Câmara de SP completa 43 dias sem votação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.