São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2000

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SAÚDE
Dos homens entrevistados em pesquisa, 16% adormeceram alguma vez enquanto dirigiam, contra 1% das mulheres
8% de insones já dormiram ao volante

DA REPORTAGEM LOCAL

As vítimas da insônia, além de padecer com noites intermináveis e o cansaço do dia seguinte, são também uma ameaça para eles próprios e aos outros quando estão ao volante.
Por exemplo, 8% dos entrevistados que se queixam de insônia disseram já ter dormido na direção. Dos 1.465 insones ouvidos pela pesquisa Wyeth/Datafolha, 47% costumam dirigir ou já dirigiram. O número dos que cochilaram ao volante é ainda mais alarmante quando se separa por gênero e capital: 16% dos insones homens disseram já ter dormido na direção, contra 1% das mulheres. Brasília é a capital do perigo: 16% do total dos que dormem mal já cochilaram dirigindo.
Diferentemente, os moradores de Salvador são os mais despertos enquanto dirigem, com 3% de cochiladores ao volante, seguidos dos cariocas e dos moradores do interior paulista, com 4%.
O cansaço físico é a consequência mais citada, atingindo 47% dos insones. O nervosismo vem depois, com 29%, seguido de dor de cabeça (25%), irritação (22%), mau humor (19%) e indisposição física (17%), para ficar entre as conseqüências mais citadas. As respostas são espontâneas e múltiplas, e cada entrevistado citou, em média, 2,27 efeitos da insônia.
As respostas permitem concluir que, além de sofrer com o cansaço, o insone acaba tendo dificuldades nas suas relações, pois está sempre nervoso, irritado e mal-humorado.
A atividade mais afetada pela insônia é o trabalho -75% dos que dormem mal disseram que isso interfere na atividade cotidiana. Os moradores de Salvador e de Brasília (81%) e os entrevistados da classe A (83%) são os que mais se queixaram das consequências da insônia no trabalho.
A mesma pesquisa revela que as pessoas que se queixam de insônia levam, em média, uma hora e dez minutos para dormir. As mulheres demoram mais, uma hora e 16 minutos, contra uma hora e quatro minuto dos homens. As pessoas acima de 51 anos e os das classes D e E custam mais para dormir, cerca de uma hora e 22 minutos.
Quando a comparação é feita entre capitais, os paulistanos e os portalegrenses são os que mais sofrem, amargando uma hora e 18 minutos até pegar no sono. Os insones de Brasília são os que adormecem mais rapidamente, depois de 51 minutos.
Para os insones, nem sempre pegar no sono é garantia de sono. A pesquisa mostra que 53% dizem acordar durante o sono "frequentemente" e 19% "esporadicamente". Os cariocas são os que mais acordam (63%), enquanto cerca de metade dos moradores de Salvador e de Fortaleza "raramente" despertam à noite.
Outro indicador importante é a qualidade do sono. Dos insones ouvidos, 29% disseram ter um sono "agitado" ou "muito agitado". E apenas 23% afirmaram ter um sono tranquilo. Enquanto em Porto Alegre e em Salvador 13% têm o sono "muito agitado", 32% dos paulistas do interior afirmaram dormir tranquilamente.
(AURELIANO BIANCARELLI E MARIANA VIVEIROS)



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