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Subsídio a ônibus é recorde na década
Valor repassado na gestão Kassab neste ano é 75% maior do que Marta Suplicy (PT) repassou em seu último ano de mandato
Disparada dos subsídios ocorreu a partir de julho de 2007, quando o patamar mensal passou de R$ 27 milhões para R$ 37 milhões
DA REPORTAGEM LOCAL
O montante que a gestão Gilberto Kassab (DEM) gastará
com subvenções ao transporte
em 2008 é recorde na década.
Já descontada a inflação, fica
75% acima do que Marta Suplicy (PT) repassou em seu último ano de mandato, em 2004, e
130% superior ao que José Serra (PSDB) desembolsou em seu
primeiro ano na prefeitura.
Com essa opção, Kassab está
prestes a entrar para a história
como quem manteve a mesma
passagem por mais tempo, pelo
menos nas últimas três décadas. O recorde anterior, de dois
anos e quatro meses (entre as
gestões Celso Pitta e Marta Suplicy), deve ser batido em abril.
A disparada dos subsídios dados pela prefeitura ocorreu a
partir de julho de 2007 (quando pulou do patamar mensal de
R$ 27 milhões para R$ 37 milhões) e atingiu seu pico um
ano depois, às vésperas das
eleições, quando chegou a R$
86 milhões em um só mês.
Parte do salto está ligada ao
fato de a tarifa seguir congelada
desde novembro de 2006, enquanto empresas de ônibus e
perueiros já tiveram de lá para
cá dois reajustes contratuais na
sua remuneração, que independe do preço da passagem.
Por outro lado, a prefeitura
tem sido alvo de críticas devido
à falta de investimentos em infra-estrutura para os ônibus.
O prefeito não construiu nenhuma pista exclusiva completa e atrasou as que prometia,
como a conclusão do Expresso
Tiradentes (ex-Fura-Fila).
Também atrasou dez obras,
principalmente para ajustar
paradas em corredores -sobretudo as do cruzamento entre avenidas Rebouças e Faria
Lima (zona oeste). Elas foram
anunciadas durante a campanha eleitoral para começar neste mês, mas só deverão ser iniciadas no ano que vem.
Gratuidades e descontos
Além de controlar a tarifa, as
subvenções são usadas para
manter descontos a estudantes
e gratuidades a idosos.
A idéia de injetar recursos
públicos para cobrar uma passagem mais baixa é defendida
por boa parte dos profissionais
ligados ao setor de transportes.
Muitos, porém, fazem ressalvas. Uma delas: quanto mais
aumentam os subsídios, menos
tende a sobrar recursos para
melhorar a infra-estrutura.
Outros afirmam que a elevação sucessiva dos repasses deveria vir atrelada a pelo menos
dois outros fatores: metas de
eficiência e conforto do serviço
prestado pelas viações e estudos para reduzir os custos operacionais do sistema.
Pela política de descontos e
gratuidades, alguns pobres podem subsidiar alguns ricos: trabalhadores da economia informal, que não têm direito a vale-transporte, pagam a passagem
integral e ajudam a bancar os
50% de desconto para um estudante de classe média ou alta.
O economista Alexandre Gomide, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), diz
que uma parte desse montante
poderia ser usada para custear
a tarifa de pessoas da classe E,
que não podem pagar nem a tarifa atual, já subsidiada.
"Há pessoas que deixam de
sair para procurar emprego
porque não têm dinheiro para
pagar a passagem, mesmo ela
sendo subsidiada. Deveriam ter
um benefício extra", afirma.
A cobrança por subsídios
também é uma reivindicação
histórica das viações de ônibus
(com quem Kassab tem proximidade), até porque, diferentemente da alta da tarifa, eles não
afastam os usuários da rede.
"No meu tempo, para cada
subsídio já queriam me pôr na
guilhotina, dizendo que era para favorecer empresário", conta Adhemar Gianini, que foi titular dos transportes na gestão
Luiza Erundina (89-92).
(AI e RS)
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