São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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ANÁLISE

Um expert na relação Executivo X Legislativo

CONRADO CORSALETTE
DA REDAÇÃO

A fama de "bom articulador" de Antonio Carlos Rodrigues, justificativa dos colegas para conduzi-lo ao quarto mandato consecutivo como presidente da Câmara Municipal, pode ser entendida pelo passado político do vereador do PR.
Rodrigues conhece como ninguém as entranhas de um mecanismo central na relação de "troca" entre Executivo e Legislativo paulistanos, que ajuda prefeitos a construir maioria e atende a demandas de poder dos vereadores: as subprefeituras, ou administrações regionais, como eram conhecidas essas estruturas.
Isso porque já atuou dos dois lados do balcão. Antes de tentar cargos eletivos, foi chefe de gabinete de Arthur Alves Pinto, quando este comandava as Administrações Regionais da gestão Paulo Maluf (1993-1996).
Era por meio das chamadas "regionais" que Maluf mantinha a maioria na Câmara. Distribuía cargos nesses órgãos, de preferência na base eleitoral do vereador, em troca de apoio.
Foi nessa época que surgiram os primeiros indícios do esquema que viria a ser batizado, na gestão Celso Pitta (1997-2001), de "máfia dos fiscais".
No início da década, "Carlinhos", como é chamado pelos colegas, decidiu atuar no Legislativo e obteve seu primeiro mandato em São Paulo.
Ele herdou toda a estrutura eleitoral do ex-chefe e amigo Arthur Alves Pinto, cuja base fica em Campo Limpo, região carente da zona sul de São Paulo.
Com a anuência das últimas gestões, turbinou sua máquina eleitoral naquela região ao ganhar um naco da máquina pública: o vereador tem forte influência sobre a subprefeitura de Campo Limpo.
Rodrigues ajudou a fundar, em 2004, o "centrão", que conta com cerca de 20 dos 55 vereadores. Trata-se de um grupo político que não tem lógica partidária -inclui PR, PV, PTB, DEM, PP, PSB e PMDB. Está unido, basicamente, para aumentar o poder de barganha com o Executivo da hora.
O presidente da Câmara tomou as rédeas do grupo e é apontado hoje como único vereador capaz de mantê-lo unido e forte. Isso porque defende os interesses de todos, e em bloco, apesar da predileção por alguns temas específicos -ele é o maior defensor do lobby de empresários de ônibus na Casa.
Com Rodrigues, dizem os colegas, o Legislativo ganha uma certa "ordem". Talvez a mesma da época em que ele chefiava o gabinete da Secretaria de Administrações Regionais, cerca de 15 anos atrás. O esquema de loteamento da máquina, pelo menos, não é tão diferente.


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