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ANÁLISE
Um expert na relação Executivo X Legislativo
CONRADO CORSALETTE
DA REDAÇÃO
A fama de "bom articulador"
de Antonio Carlos Rodrigues,
justificativa dos colegas para
conduzi-lo ao quarto mandato
consecutivo como presidente
da Câmara Municipal, pode ser
entendida pelo passado político do vereador do PR.
Rodrigues conhece como
ninguém as entranhas de um
mecanismo central na relação
de "troca" entre Executivo e
Legislativo paulistanos, que
ajuda prefeitos a construir
maioria e atende a demandas
de poder dos vereadores: as
subprefeituras, ou administrações regionais, como eram conhecidas essas estruturas.
Isso porque já atuou dos dois
lados do balcão. Antes de tentar
cargos eletivos, foi chefe de gabinete de Arthur Alves Pinto,
quando este comandava as Administrações Regionais da gestão Paulo Maluf (1993-1996).
Era por meio das chamadas
"regionais" que Maluf mantinha a maioria na Câmara. Distribuía cargos nesses órgãos, de
preferência na base eleitoral do
vereador, em troca de apoio.
Foi nessa época que surgiram os primeiros indícios do
esquema que viria a ser batizado, na gestão Celso Pitta (1997-2001), de "máfia dos fiscais".
No início da década, "Carlinhos", como é chamado pelos
colegas, decidiu atuar no Legislativo e obteve seu primeiro
mandato em São Paulo.
Ele herdou toda a estrutura
eleitoral do ex-chefe e amigo
Arthur Alves Pinto, cuja base fica em Campo Limpo, região carente da zona sul de São Paulo.
Com a anuência das últimas
gestões, turbinou sua máquina
eleitoral naquela região ao ganhar um naco da máquina pública: o vereador tem forte influência sobre a subprefeitura
de Campo Limpo.
Rodrigues ajudou a fundar,
em 2004, o "centrão", que conta com cerca de 20 dos 55 vereadores. Trata-se de um grupo
político que não tem lógica partidária -inclui PR, PV, PTB,
DEM, PP, PSB e PMDB. Está
unido, basicamente, para aumentar o poder de barganha
com o Executivo da hora.
O presidente da Câmara tomou as rédeas do grupo e é
apontado hoje como único vereador capaz de mantê-lo unido e forte. Isso porque defende
os interesses de todos, e em
bloco, apesar da predileção por
alguns temas específicos -ele é
o maior defensor do lobby de
empresários de ônibus na Casa.
Com Rodrigues, dizem os colegas, o Legislativo ganha uma
certa "ordem". Talvez a mesma
da época em que ele chefiava o
gabinete da Secretaria de Administrações Regionais, cerca
de 15 anos atrás. O esquema de
loteamento da máquina, pelo
menos, não é tão diferente.
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