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Agredido a pedradas tem "morte a esclarecer"
DA REPORTAGEM LOCAL
Assustada, Cristina Barbosa, 31,
não saiu de casa ao ouvir gritos e
ameaças de morte em um conflito
entre vizinhos durante a madrugada. A dona-de-casa, que conhecia as duas famílias que costumavam brigar, diz que a gritaria só
foi interrompida depois de um
barulho parecido com o de pedras
sendo atiradas.
Quando abriu a porta, ela não
teve dúvidas do que tinha acontecido em uma viela no Jardim Elisa
Maria, zona norte de São Paulo,
em novembro passado. Havia
sangue e muitas pedras no chão.
O portão de seu vizinho Pedro
Carlos da Silva, 51, estava caído e
ele apresentava um corte profundo na cabeça.
Cristina Barbosa telefonou ainda durante a madrugada para Doralice Silva Carvalho, 48, irmã da
vítima, para avisar da agressão.
Silva morreu no hospital um dia
depois. Foi Doralice quem registrou o boletim de ocorrência.
Cristina não estava no distrito
policial, mas Doralice recontou
toda a história da briga e das pedradas aos policiais civis. Mesmo
assim, o registro foi de "morte a
esclarecer".
Doralice afirmou à reportagem
que, além do corte na cabeça, seu
irmão também apresentava lesões no braço e no rosto. "Não sei
por que foi registrado morte a esclarecer. Na hora, estava tão nervosa que não percebi", diz a irmã
da vítima.
Assassinato
A dona-de-casa Aparecida Maria Galvão, 47, mulher da vítima, é
a mais indignada entre os familiares sobre a dúvida da polícia em
relação à causa da morte. "Não há
dúvidas de que ele foi assassinado. Foi pancada mesmo", afirma
Aparecida Maria.
Ela não estava no local no momento do fato, mas confirma as
constantes discussões com os
moradores da casa ao lado. "Havia sangue no pátio. Não foi só
uma pedrada, não. Ele foi muito
espancado", diz.
Aparecida afirma que, em outras circunstâncias, seu marido
chegou a sofrer outras agressões
dos mesmos vizinhos. Dias depois da morte ele, ela chamou a
polícia quando percebeu que o
casal se preparava para mudar
durante a madrugada. Os vizinhos foram ouvidos pela polícia e
depois liberados.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que os
policiais civis agiram corretamente. Segundo o órgão, havia informações iniciais de que a vítima estava embriagada.
Por isso, segundo a secretaria,
os policiais cogitaram a possibilidade de uma queda e resolveram
aguardar os laudos necroscópicos, registrando o caso com a natureza morte a esclarecer.
O boletim de ocorrência, no entanto, cita as informações da briga
mas não menciona a suposta embriaguez da vítima. A secretaria
também informou que foi aberto
um inquérito sobre o caso e que
"as apurações apontaram para
uma agressão a pedrada".
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