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JUVENTUDE ENCARCERADA
Funcionários param e desafiam ameaça de demissão
Servidor mantém greve na Febem
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve dos funcionários da Febem de São Paulo entrou ontem
em seu segundo dia, com alguns
servidores desafiando a promessa
da instituição de demitir todo
mundo que parar de trabalhar.
Na unidade 1 do Tatuapé (zona
leste da capital paulista), nove dos
16 servidores faltaram ao serviço,
de acordo com a Febem, e acabaram substituídos por 13 novos
agentes. A fundação diz que, nas
demais unidades, as ausências
não foram significativas e que somente hoje terá uma avaliação
completa do movimento.
O sindicato dos trabalhadores
divulgou que a adesão à greve
atingiu 45% no Estado e que alcançou 90% em alguns dos principais complexos da Grande São
Paulo -informações negadas
oficialmente pela instituição.
A paralisação havia sido anunciada para começar amanhã, em
reação ao pedido de prisão pelo
Estado de 23 funcionários acusados de torturar os menores, mas
os sindicalistas anteciparam a
mobilização depois de uma operação surpresa na madrugada de
anteontem. A administração Geraldo Alckmin (PSDB) convocou
387 agentes recém-treinados durante 45 dias e determinou a estréia deles no controle de cinco
grandes complexos, em substituição a 515 servidores que trabalhavam naquele momento.
Alexandre de Moraes, secretário de Justiça e presidente da Febem, disse anteontem que a medida serviu para "demonstrar
quem manda" na fundação. No
total, afirmou, serão 600 novos
agentes de segurança e 300 de
educação, com ensino superior.
O diretor do sindicato Antônio
Gilberto da Silva afirmou que alguns novos agentes já deixaram
de trabalhar com medo dos internos e não passaram por treinamento de 45 dias, como diz a gestão Alckmin. Ele disse que muitos
entraram nas unidades sem terem
sido contratados - situação que
motivará denúncia da entidade ao
Ministério Público do Trabalho- e que apresentará hoje um
deles, que teria passado por exame às 10h de sexta-feira e sido
convocado para trabalhar às 18h.
A Febem reafirmou ontem, por
meio da assessoria de imprensa,
que todos os novos funcionários
foram treinados e contratados.
A instituição disse ter tomado
conhecimento somente de um
agente recém-contratado que teria desistido do emprego, na unidade do Tatuapé. O funcionário
afirmou que pensava ter sido convocado para trabalhar do lado de
fora do complexo, e não dentro
do pátio, ao lado dos menores.
No final da tarde de anteontem,
a Folha esteve na frente da Febem
Tatuapé e presenciou um dos novos funcionários desistindo de
entrar no complexo depois de serem intimidados por funcionários da instituição, que fizeram relatos de que a reação dos internos
seria violenta. Eles afirmavam que
os menores iriam "subir no telhado", numa referência a rebeliões.
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