São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Funcionários param e desafiam ameaça de demissão

Servidor mantém greve na Febem

DA REPORTAGEM LOCAL

A greve dos funcionários da Febem de São Paulo entrou ontem em seu segundo dia, com alguns servidores desafiando a promessa da instituição de demitir todo mundo que parar de trabalhar.
Na unidade 1 do Tatuapé (zona leste da capital paulista), nove dos 16 servidores faltaram ao serviço, de acordo com a Febem, e acabaram substituídos por 13 novos agentes. A fundação diz que, nas demais unidades, as ausências não foram significativas e que somente hoje terá uma avaliação completa do movimento.
O sindicato dos trabalhadores divulgou que a adesão à greve atingiu 45% no Estado e que alcançou 90% em alguns dos principais complexos da Grande São Paulo -informações negadas oficialmente pela instituição.
A paralisação havia sido anunciada para começar amanhã, em reação ao pedido de prisão pelo Estado de 23 funcionários acusados de torturar os menores, mas os sindicalistas anteciparam a mobilização depois de uma operação surpresa na madrugada de anteontem. A administração Geraldo Alckmin (PSDB) convocou 387 agentes recém-treinados durante 45 dias e determinou a estréia deles no controle de cinco grandes complexos, em substituição a 515 servidores que trabalhavam naquele momento.
Alexandre de Moraes, secretário de Justiça e presidente da Febem, disse anteontem que a medida serviu para "demonstrar quem manda" na fundação. No total, afirmou, serão 600 novos agentes de segurança e 300 de educação, com ensino superior.
O diretor do sindicato Antônio Gilberto da Silva afirmou que alguns novos agentes já deixaram de trabalhar com medo dos internos e não passaram por treinamento de 45 dias, como diz a gestão Alckmin. Ele disse que muitos entraram nas unidades sem terem sido contratados - situação que motivará denúncia da entidade ao Ministério Público do Trabalho- e que apresentará hoje um deles, que teria passado por exame às 10h de sexta-feira e sido convocado para trabalhar às 18h.
A Febem reafirmou ontem, por meio da assessoria de imprensa, que todos os novos funcionários foram treinados e contratados.
A instituição disse ter tomado conhecimento somente de um agente recém-contratado que teria desistido do emprego, na unidade do Tatuapé. O funcionário afirmou que pensava ter sido convocado para trabalhar do lado de fora do complexo, e não dentro do pátio, ao lado dos menores.
No final da tarde de anteontem, a Folha esteve na frente da Febem Tatuapé e presenciou um dos novos funcionários desistindo de entrar no complexo depois de serem intimidados por funcionários da instituição, que fizeram relatos de que a reação dos internos seria violenta. Eles afirmavam que os menores iriam "subir no telhado", numa referência a rebeliões.


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