São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Foi criado um especial para atrair visitantes, que inclui até recepcionista bilíngüe, mas a procura é pequena

Festa em SP tenta vencer desdém de turistas

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Carnaval de São Paulo já agrada ao folião paulistano, que costuma esgotar os ingressos para os desfiles do Grupo Especial no sambódromo, o próximo passo do evento para se afirmar como uma grande atração é tentar atrair turistas para a festa.
Para dar um empurrãozinho na tarefa, o Anhembi, responsável pela organização das festividades dos 450 anos de São Paulo e órgão oficial de turismo da cidade, reuniu, desde o ano passado, operadoras para desenvolverem pacotes turísticos para o evento.
Para receber os esperados visitantes, foi desenvolvido um esquema especial, que inclui recepcionistas bilíngües e serviço de transporte entre os principais hotéis da cidade e o portão de acesso ao setor 7 do sambódromo.
No entanto, a proposta ainda é incipiente e enfrenta resistência das operadoras e do próprio turista, que prefere viajar e se divertir no Carnaval carioca -que conta com cifras maiores, mais tradição, fama e repercussão.
Das 23 operadoras que há aproximadamente um ano se propuseram a vender São Paulo como um destino turístico de lazer, criando roteiros para atrair turistas à cidade, até ontem apenas seis resolveram oferecer pacotes para o Carnaval paulistano.
"A procura que temos tido é muito pequena. O mercado internacional tem uma procura grande para o Carnaval do Rio de Janeiro. Embora nós tenhamos promovido mais o evento de São Paulo, quase 100% de nossas vendas são para o Carnaval do Rio", afirma Adriana Maldonado, sócia-gerente da GRP Brasil, uma das operadoras que ofereceram pacotes para São Paulo.
Maldonado explica que o roteiro vendido pela GRP inclui cinco noites de hospedagem, com traslado e ingressos para os desfiles na sexta e no sábado. A empresa comercializa os pacotes principalmente em países da América Latina, como Argentina, Peru, Venezuela e Equador.
O baixo desempenho, porém, não desestimula o presidente do Anhembi, Celso Marcondes, que se baseia no crescimento da presença de visitantes nos últimos três anos para apostar na vinda de turistas para o Carnaval dos 450 anos. "Esperamos que neste ano a presença de turistas no sambódromo chegue a 18%", diz.
Marcondes explica que, desde 2000, quando os desfiles em São Paulo começaram a se concentrar na sexta-feira e no sábado, parando de competir com o evento carioca (que começa no domingo), houve um crescimento no número de visitantes no sambódromo.
Dados do Anhembi mostram que, no ano passado, o número de turistas aumentou cerca de 200% em relação a 2001, passando de 4% do total de ingressos vendidos para aproximadamente 13%. "Esperamos um crescimento por causa do apelo do aniversário da cidade, que trouxe muitos eventos culturais para São Paulo", diz.
E, ao contrário do carnaval do Rio de Janeiro, que conta com presença maciça de estrangeiros, em São Paulo há um grande número de turistas do interior do Estado, segundo Marcondes. Desse modo, a proposta do Anhembi é manter esses turistas na cidade, fazendo com que eles consumam, passeiem e se hospedem, em vez de irem e voltarem no mesmo dia.
"Acredito que temos esse potencial. O Réveillon na avenida Paulista reuniu 1,9 milhão de pessoas e garantiu uma ocupação 40% maior nos hotéis da região. Isso mostra que estamos prontos para receber mais visitantes", afirma Denise Battistini, diretora de Turismo do Anhembi.


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