São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

4 PMs são presos acusados de chacina em SP

Policiais, suspeitos de integrarem grupo de extermínio, são do 18º Batalhão da PM, que era comandado por coronel assassinado

Polícia Civil não descarta hipótese de que PMs estejam envolvidos na morte do coronel José Hermínio Rodrigues

KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro policiais militares suspeitos de integrarem um grupo de extermínio -que teria realizado um duplo assassinato e uma chacina na zona norte com três mortos, no ano passado- foram presos ontem em São Paulo.
Todos os acusados trabalham no 18º Batalhão de Polícia Militar, na zona norte, que era comandado pelo coronel José Hermínio Rodrigues, 48, assassinado no dia 16 de janeiro deste ano. Investigadores do caso não descartam a hipótese de os PMs presos ontem estarem envolvidos também nesse crime.
O coronel Rodrigues tinha aberto procedimentos internos para apurar a possível participação de seus subordinados em homicídios e chacinas naquela área. Os PMs suspeitos integrariam um suposto grupo de extermínio dentro do batalhão.
O sargento José Rivanildo da Silva Sá, 38, e os soldados Ricardo Gonçalves de Moraes, 39, Luzinaro Moreira do Nascimento, 32, e Eliabe Antonio de Melo, 32, tiveram suas prisões temporárias de 30 dias decretadas pela Justiça. Todos integravam uma equipe da Força Tática da PM e são acusados de forjar assassinatos alegando que as vítimas resistiram à prisão e foram mortas em confronto.
A prisão foi realizada pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, e pela Corregedoria da Polícia Militar.
Os quatro acusados não quiseram se manifestar ao chegar à sede do DHPP -sem algemas- para prestar depoimento no início da tarde de ontem.
A Folha procurou a defesa do sargento Sá, mas seu advogado, João Carlos, afirmou que só iria se pronunciar após conversar com seu cliente. À reportagem o advogado Antonio Carlos Ferreira de Toledo, que afirmou que iria defender o soldado Nascimento, também alegou que precisaria falar com seu cliente antes de dar qualquer declaração.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos soldados Moraes e Melo para comentar o assunto.
Procurado, o corregedor-geral da PM em São Paulo, coronel Paulo Menegucci, informou apenas que a prisão dos quatro suspeitos teve a participação do órgão.
Com a prisão dos quatro PMs ontem, sobe para sete o número de policiais militares detidos por suposto envolvimento em grupos de extermínio neste ano e investigados pelo homicídio do coronel Rodrigues.
Já estavam presos os sargentos da PM Ricardo da Rocha Benetti, 38, Helber Antonio de Freitas, 30, e o soldado Paschoal dos Santos Lima, 31.
Conforme a Folha revelou ontem, escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça Militar, indicaram o modo de atuação de policiais militares suspeitos de integrar um grupo de extermínio. As escutas revelaram como os policiais obtêm informações sobre possíveis vítimas -por exemplo, por meio de troca de informações sobre RGs e antecedentes criminais delas.


Texto Anterior: Jogos eletrônicos ajudam vítimas de AVC
Próximo Texto: "Não dava para sair bêbado da festa"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.