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Presos delatam inação de consulado
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CIUDAD DEL ESTE
Depois de uma missa pela manhã, seis jovens presos da penitenciária de Ciudad del Este se
reúnem. Entre eles, o brasileiro
R.C.S., 16, condenado a oito anos
por um duplo homicídio.
A defesa pediu condenação do
garoto por co-autoria, mas três
juízes que o julgaram decidiram
pela acusação de autor dos homicídios. A advogada dele, Maribel
de Acosta, disse que vai apelar.
"Houve "falhas gritantes" no julgamento, pois existia só uma arma do crime, não houve prova de
balística, e a investigação não foi
aprofundada", diz ela.
R.C.S., que mora em Foz do
Iguaçu, conta que os crimes aconteceram quando estava em férias
no Paraguai. "Fui cobrar uma dívida com meus primos. Quando
começou uma briga, saí do local e
então ouvi os tiros", afirma ele,
que não tinha passagem na polícia no Brasil e frequentava escola.
Antes frequentes, as visitas da
família começaram a rarear. "Falta dinheiro para a viagem." Ele diz
que a última visita do advogado
do consulado foi há sete meses.
A maioria dos presos na penitenciária de Ciudad del Este ouvidos pela Agência Folha diz não ter
documentos paraguaios legalizados, o que dificulta a defesa.
Pela lista dos 146 presos passada
pelas direções dos presídios
-não há informatização nas unidades, e os dados podem não ser
precisos- , os casos de homicídio lideram com 29% as causas de
prisões de brasileiros, seguidos
por tráfico de drogas (26%) e por
roubo e furto, com 17%.
Condenado a cinco anos por
tráfico de maconha, Reinaldo Novaes Oliveira, 32, já cumpriu dois.
Baiano de Jequié, ele se diz "sacoleiro comum, vítima da arbitrariedade". "Esconderam 44 kg de
maconha nas minhas sacolas",
disse. Oliveira se queixa de fome.
"A última cesta básica que recebemos do consulado foi no Natal."
Preso antes de ter 18 anos, M.T.
não quer ser identificado e diz que
atuava no tráfico de drogas desde
os 14. Ele é de Ponta Porã (MS) e
está preso há mais de dois anos.
Foi condenado a cinco anos. Não
se arrepende do que fazia. A única
queixa é de estar preso. "Mas, se
sair daqui, talvez volte ao tráfico."
Carlos Alexandre Kaiper, 26, diz
ter sido condenado a dez anos por
tráfico por não ter residência fixa
no Paraguai. "A Justiça daqui não
trabalha bem com a gente, pois
não temos dinheiro."
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