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Descoberta não comprovada de ave
gera polêmica entre especialistas
Pesquisador diz ter descoberto tiê cujo diferencial é ter parte da cauda branca
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um pássaro marrom com
parte da cauda branca tem despertado discussões no meio ornitológico brasileiro. Johan
Dalgas Frisch, o primeiro a gravar o canto do uirapuru na
Amazônia e capaz de reconhecer o som de 400 aves, afirma
ter descoberto uma nova espécie: o tiê-de-cauda-branca.
A ave frutívora (se alimenta
de frutos ou vegetais) foi vista
por ele pela primeira vez há
três anos, numa fazenda em Piracicaba (162 km de São Paulo).
Outros ornitólogos, entretanto, dizem que a espécie, ainda não reconhecida, provavelmente não será aceita pelo
CBRO (Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos), vinculado à SBO (Sociedade Brasileira de Ornitologia) -que organiza a lista das aves do país.
A descoberta foi publicada no
jornal "Nature Society News",
dos EUA, dedicado à divulgação
de assuntos relacionados à andorinha norte-americana Purple Martin. Dalgas Frisch diz
que a rara ave desaparecia da
fazenda no outono e reaparecia
nos meses de primavera, sempre com uma companheira inteira marrom. O casal teve filhotes totalmente marrons.
O especialista conta que enviou fotos e filmes para ornitólogos do Brasil e do exterior para pedir opinião sobre a espécie, mas que todos recomendaram que ele abatesse a ave e tirasse algumas penas para mapear o DNA e eventualmente
descrever a espécie. Ele diz que
não aceitou a recomendação.
Para o presidente do CBRO,
José Fernando Pacheco, Dalgas
Frisch não tem seguido as regras mundiais para o reconhecimento de novas espécies. Ele
teria de fazer uma descrição
bastante completa do animal e
designar um holótipo -um
exemplar-modelo que possibilitasse a verificação dos pesquisadores. Normalmente, um
exemplar precisa ser sacrificado e depositado num museu.
"Mas com a finalidade nobre
que é estabelecer como padrão
para poder cientificamente definir a espécie", diz Pacheco.
Ele afirma que é muito comum algumas aves terem despigmentação (o que é chamado
também de albinismo parcial) e
que esse pode ser o caso do tiê
com parte da cauda branca
-que é o que o diferencia das
outras espécies de tiês.
"A despigmentação é comum
em criatórios, quando há muitos cruzamentos entre parentes." Pacheco também questiona o fato de os filhotes não terem a cauda branca. Luiz Fernando Figueiredo, membro do
Centro de Estudos Ornitológicos, também opina que o caso é
de albinismo parcial.
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