São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Descoberta não comprovada de ave gera polêmica entre especialistas

Pesquisador diz ter descoberto tiê cujo diferencial é ter parte da cauda branca

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um pássaro marrom com parte da cauda branca tem despertado discussões no meio ornitológico brasileiro. Johan Dalgas Frisch, o primeiro a gravar o canto do uirapuru na Amazônia e capaz de reconhecer o som de 400 aves, afirma ter descoberto uma nova espécie: o tiê-de-cauda-branca.
A ave frutívora (se alimenta de frutos ou vegetais) foi vista por ele pela primeira vez há três anos, numa fazenda em Piracicaba (162 km de São Paulo).
Outros ornitólogos, entretanto, dizem que a espécie, ainda não reconhecida, provavelmente não será aceita pelo CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos), vinculado à SBO (Sociedade Brasileira de Ornitologia) -que organiza a lista das aves do país.
A descoberta foi publicada no jornal "Nature Society News", dos EUA, dedicado à divulgação de assuntos relacionados à andorinha norte-americana Purple Martin. Dalgas Frisch diz que a rara ave desaparecia da fazenda no outono e reaparecia nos meses de primavera, sempre com uma companheira inteira marrom. O casal teve filhotes totalmente marrons.
O especialista conta que enviou fotos e filmes para ornitólogos do Brasil e do exterior para pedir opinião sobre a espécie, mas que todos recomendaram que ele abatesse a ave e tirasse algumas penas para mapear o DNA e eventualmente descrever a espécie. Ele diz que não aceitou a recomendação.
Para o presidente do CBRO, José Fernando Pacheco, Dalgas Frisch não tem seguido as regras mundiais para o reconhecimento de novas espécies. Ele teria de fazer uma descrição bastante completa do animal e designar um holótipo -um exemplar-modelo que possibilitasse a verificação dos pesquisadores. Normalmente, um exemplar precisa ser sacrificado e depositado num museu. "Mas com a finalidade nobre que é estabelecer como padrão para poder cientificamente definir a espécie", diz Pacheco.
Ele afirma que é muito comum algumas aves terem despigmentação (o que é chamado também de albinismo parcial) e que esse pode ser o caso do tiê com parte da cauda branca -que é o que o diferencia das outras espécies de tiês.
"A despigmentação é comum em criatórios, quando há muitos cruzamentos entre parentes." Pacheco também questiona o fato de os filhotes não terem a cauda branca. Luiz Fernando Figueiredo, membro do Centro de Estudos Ornitológicos, também opina que o caso é de albinismo parcial.


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