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ANÁLISE
Planos coletivos: ainda longe do ideal
MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA
A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) manteve a
escrita como uma das poucas
agências que se preocupam
com os consumidores. As demais atuam principalmente na
defesa dos interesses das empresas. Mas ainda estamos longe do ideal.
Agora, foi a vez dos planos de
saúde coletivos que terão regras para acabar com os maquiados como tais. Vão poder
atuar só aqueles planos oferecidos por empregadores ou entidades, como associações de
classe, sindicatos etc.
Normalmente, são bem mais
vantajosos do que os planos
pessoa física, ou seja, individuais ou familiares, porque o
poder de negociação de uma
empresa, com mais vidas, é
bem superior a de uma ou de algumas pessoas.
Pois bem, a ANS definiu novas regras para os planos coletivos, como o fim da rescisão sem
motivo antes de um ano, que
consideramos avanços importantes. E acabou a farra de reajustes até trimestrais. Agora só
anual.
A proibição da exigência de
carência para o beneficiário
que ingresse no plano até 30
dias após a celebração do contrato também é positiva.
As mudanças nas regras destes planos resultaram de consulta pública. Mas as operadoras continuam livres para aplicar o aumento que quiserem.
Faltou, por exemplo, regulação
mais clara e objetiva de sinistralidade (o custo, para a operadora, do uso do plano de saúde
pelo beneficiário).
A situação vai continuar difícil para os usuários de contratos com poucos beneficiados,
porque têm menor poder de
barganha. Nesse caso, que não
se esperem grandes avanços.
Até porque a portabilidade
-possibilidade de trocar de
operadora sem cumprir carência- não foi contemplada.
O segmento de medicina suplementar ainda padece de outros males, que demandariam
uma discussão mais profunda e
criteriosa do que a ocorrida até
este momento.
Refiro-me aos idosos e portadores de doenças crônicas, que
são vistos pelas empresas como
artífices de sinistralidade fora
do controle, ou seja, de custos
que superam o que a operadora
recebe pelo atendimento.
Não haverá solução somente
com a emissão de resoluções
normativas, sem que todas as
partes se reúnam e façam suas
propostas.
Isso vale tanto para planos
individuais e familiares, quanto
empresariais ou de associações.
Está passando da hora de discutir, sem censura, como oferecer atendimento de qualidade e
com respeito aos direitos dos
idosos. Afinal, estamos ficando
mais velhos.
O Brasil, em breve, terá mais
e mais habitantes com mais de
60 anos, e não pode esperar o
aumento dos conflitos para tratar deste tema tão importante e
crítico.
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