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Relatório pede mudança na fiscalização
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório de fiscalizações realizadas pelos conselhos regionais
de psicologia e pela OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) em 22
clínicas e hospitais psiquiátricos
do país que atendem o SUS recomenda uma revisão dos procedimentos de controle promovidos
pelo Ministério da Saúde.
No texto sobre a visita a unidades de 16 Estados e do Distrito Federal, as entidades criticam o fato
de o PNASH/Psiquiatria (Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria) fazer visitas agendadas. Pedem ainda que as fiscalizações voltem a
ser realizadas com acompanhamento da sociedade civil.
Os órgãos pediram ainda a intervenção em estabelecimentos
com condições incompatíveis -a
maioria deles, na visão dos conselhos. Apontaram, nas recomendações do relatório, especificamente a clínica Charcot, em São
Paulo, e o Hospital Milton Marinho, em Caicó (RN), por terem
um histórico de "denúncias" e
não terem apresentado bons resultados nas vistorias.
A OAB e os conselhos cobram
ainda, no documento, a implementação urgente de um sistema
de comunicação compulsória de
mortes em instituições psiquiátricas, para que elas sejam investigadas -foram encontrados registros considerados suspeitos na
clínica Pinho Mansini, em Juiz de
Fora, e da Gávea, no Rio.
O relato sobre a situação das clínicas nos Estados diverge muito
pouco: pacientes sem ter o que fazer, com frio, desassistidos, amarrados, dopados.
No Abrigo Lar de Ismael, no Pará, a contenção é feita nas camas
ou em cadeiras na frente da TV.
Na Bahia, em um manicômio
judiciário, os pacientes recebiam
água de garrafões sujos, relatou o
conselho. Pacientes não têm papel higiênico e refeições são puladas como forma de punição. Na
clínica psiquiátrica de Itabuna, no
mesmo Estado, uma paciente grávida apresentava sinais de uso excessivo de medicamentos.
No Hospital Geral Otávio de
Freitas, em Pernambuco, além de
goteiras e um leito-jaula, foram
achados dois pacientes sobrepostos na mesma cama. Segundo
Marcus Vinícius Marinho, coordenador da comissão de Direitos
Humanos do Conselho Federal de
Psicologia, o relatório será entregue nesta semana ao ministro da
Saúde, Humberto Costa. "O ministério não é capaz de uma efetiva fiscalização."
O coordenador de Saúde Mental do ministério, Pedro Gabriel
Delgado, reconheceu que as avaliações da pasta são agendadas,
mas, segundo ele, não é verificada
só a aparência do hospital, mas
detalhes como o projeto terapêutico. Segundo ele, os municípios
também têm de fazer vistorias.
"Isso [as vistorias dos conselhos] não deveria ser feito", diz
Eduardo Oliveira, presidente da
Federação Brasileira de Hospitais.
"Eles sabem que os hospitais são
mal remunerados. Evidentemente que o resultado seria ruim."
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