|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CIDADE SITIADA
Governo sabia de plano de resgate, mas não conseguiu evitar entrada de armas e apoio de traficantes do lado de fora
Ataque foi "inevitável", afirma Benedita
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Rio de Janeiro já
sabia de um plano de fuga em
massa de Bangu 3, mas, mesmo
assim, não conseguiu evitar a entrada de armas no presídio nem a
ação de traficantes do lado de fora
para dar cobertura aos presos.
Para a governadora Benedita da
Silva (PT), o ataque ao Palácio
Guanabara foi "inevitável". "O
episódio aqui [no palácio] foi inevitável, já que passaram num táxi
atirando", disse, após uma reunião na manhã de ontem com seu
secretariado.
A governadora afirmou que o
plano de fuga foi descoberto pelo
serviço de inteligência cerca de
uma semana antes do primeiro
turno da eleição, com previsão de
execução no dia 4 ou no dia 5.
O governo também soube da
existência de um túnel a ser utilizado na fuga e de um local usado
como esconderijo de armas. Realizou uma varredura no presídio,
com escavações e inundações na
tentativa de encontrar o túnel.
Mas a passagem subterrânea só
foi encontrada ontem, após o final
da rebelião de presos.
Benedita afirmou que, diante
das informações do serviço de inteligência, o policiamento foi reforçado na cidade. Como parte
desse reforço, ela citou a convocação de tropas federais para aumentar a segurança no dia do primeiro turno da eleição.
Sobre os episódios da madrugada, afirmou que o governo não
poderia saber a hora e o local em
que eles ocorreriam. Quando percebeu que o plano estava sendo
concretizado, acionou o esquema
de prontidão que vinha sendo
mantido. "O "bonde" [comboio de
traficantes], todos esses instrumentos aqui no Palácio, no Rio
Sul, tudo fazia parte de uma estratégia deles, e estávamos ali para
combatê-los. O nosso serviço de
inteligência não detectou tal hora
e tal local", disse ela.
O secretário estadual de Justiça,
Paulo Saboya, disse que as armas
não foram encontradas nas revistas feitas em Bangu 3 porque estariam escondidas num túnel cavado entre duas celas. Segundo ele,
as escavações feitas pela direção
do presídio foram no pátio interno, e o túnel foi construído entre
as celas.
Saboya disse achar que as armas
entraram no presídio durante
uma rebelião ocorrida no ano
passado, quando os presos de
Bangu 3 derrubaram todas as grades. Ele informou que foi aberta
sindicância para apurar como o
armamento entrou.
Em relação às armas, Benedita
disse que "todo mundo conhece a
fragilidade do sistema". "Nós estamos dando combate a isso, estamos fazendo varreduras. Esse trabalho nunca foi feito, de tirar
aquelas armas, celulares, tudo o
que estiver dentro do sistema."
A governadora afirmou que os
ataques dos traficantes são uma
resposta às ações de seu governo
no combate ao crime organizado.
"Eles [os traficantes] estão dando
continuidade ao projeto deles,
projeto esse que tem encontrado
resistência."
A governadora afirmou que não
se intimidará com as ações do tráfico e que o governo manterá o
trabalho. "Se eu me sentisse intimidada, nós não daríamos combate", disse Benedita.
(FE)
Texto Anterior: Multimídia: Mídia dos EUA liga ato a eleição Próximo Texto: PT quer tropas federais na eleição Índice
|