São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2010

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Mimo a cães inclui idas a shopping em "carrinho de bebê"

Cerca de 2.500 veículos especialmente desenvolvidos para cachorros são vendidos por ano, diz fornecedor

Modelo básico sai por R$ 369; usuária diz já ter recebido olhares de ódio e provocações durante passeio na rua

VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Uma vez eu quase arrumei a maior briga. Uns caras começaram a falar: onde já se viu, cachorro no carrinho!". O relato é da advogada Gisele Canceller, 37. Moradora de Santa Cecília, no centro de São Paulo, ela leva a cadela maltês Cindy ao shopping e até ao cabeleireiro no veículo, especialmente desenvolvido para cães.
Acostumada que era aos tapetes do apartamento da dona, Cindy se recusava a tocar com suas patas delicadas o piso de ruas e calçadas. Ela simplesmente empacava.
Como deixá-la em casa não era uma opção e levar no colo era cansativo, o carrinho foi a solução definitiva.
Wilson Cortelazzo, gerente comercial da Petcar, fornecedora do produto (fabricado em parceria com a marca Hércules), diz que na época do lançamento uma pesquisa mostrou rejeição altíssima. "Mas nós acreditávamos no projeto", conta.
No primeiro ano foram vendidos 300 carrinhos; agora, são cerca de 2.500 por ano, diz. O modelo básico sai por R$ 369.
O consumo se concentra entre as mulheres, afirma Wilson. Na faixa dos 20 anos, o uso é mais "para ir ao shopping, pelo lado glamour", e acima dos 50, o grande apelo é a comodidade para passear sem se cansar muito.
Mais recentemente, de acordo com Wilson, o artefato se populariza em um novo nicho de mercado: moradores de apartamentos.
Depois de ser forçado a aplicar diversas multas e até um processo, o síndico Rivaldo Barbosa, 65, comprou dois carrinhos para atender os condôminos do Reserva Albalonga, em Salvador.
Como a convenção do condomínio proíbe o trânsito de cachorro (exceto no colo), os donos de cães maiores sofriam para levá-los à pracinha interna construída especificamente para eles e até para sair do local.

VERGONHA
"No início, fiquei um pouco envergonhada, sou uma pessoa tímida", diz Suzana Leopoldo e Silva, 62. Mas como sua poodle Flor do Céu Azul, de 12 anos, não consegue caminhar as quatro quadras da avenida Paulista que separam sua casa do petshop onde toma banho, Suzana diz que decidiu "enfrentar".
Tanto ela quanto a poodle sofrem de artrose, e o carrinho trouxe "autonomia".
Mas não foi fácil. Embora a maioria das pessoas achem "uma gracinha", ela conta que já percebeu olhares de ódio e ouviu do tipo maldoso: "Olha só que vida boa".

SAÚDE DOS BICHOS
Quanto à saúde do animal, o veterinário Eduardo Pacheco, do Hospital Veterinário Santa Inês, acha que o uso se justifica quando o cão tem problemas de mobilidade, pois a função do passeio com o animal é justamente a de exercitá-lo e de fazê-lo interagir com o ambiente. No caso de cães com "mania", como a maltês Cindy, ele indica que se procure um adestrador.

ONDE COMPRAR

Petcar (5573-8163)/ Pet Center Marginal (2797-7400), Pet Store Santana (3492-9999) Au Pet Store (3088-0838)


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