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Mimo a cães inclui idas a shopping em "carrinho de bebê"
Cerca de 2.500 veículos especialmente desenvolvidos para cachorros são vendidos por ano, diz fornecedor
Modelo básico sai por R$ 369; usuária diz já ter recebido olhares de ódio e provocações durante passeio na rua
VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Uma vez eu quase arrumei a maior briga. Uns caras
começaram a falar: onde já
se viu, cachorro no carrinho!". O relato é da advogada Gisele Canceller, 37.
Moradora de Santa Cecília,
no centro de São Paulo, ela
leva a cadela maltês Cindy ao
shopping e até ao cabeleireiro no veículo, especialmente
desenvolvido para cães.
Acostumada que era aos
tapetes do apartamento da
dona, Cindy se recusava a tocar com suas patas delicadas
o piso de ruas e calçadas. Ela
simplesmente empacava.
Como deixá-la em casa
não era uma opção e levar no
colo era cansativo, o carrinho
foi a solução definitiva.
Wilson Cortelazzo, gerente
comercial da Petcar, fornecedora do produto (fabricado
em parceria com a marca
Hércules), diz que na época
do lançamento uma pesquisa mostrou rejeição altíssima. "Mas nós acreditávamos
no projeto", conta.
No primeiro ano foram
vendidos 300 carrinhos; agora, são cerca de 2.500 por
ano, diz. O modelo básico sai
por R$ 369.
O consumo se concentra
entre as mulheres, afirma
Wilson. Na faixa dos 20 anos,
o uso é mais "para ir ao shopping, pelo lado glamour", e
acima dos 50, o grande apelo
é a comodidade para passear
sem se cansar muito.
Mais recentemente, de
acordo com Wilson, o artefato se populariza em um novo
nicho de mercado: moradores de apartamentos.
Depois de ser forçado a
aplicar diversas multas e até
um processo, o síndico Rivaldo Barbosa, 65, comprou
dois carrinhos para atender
os condôminos do Reserva
Albalonga, em Salvador.
Como a convenção do condomínio proíbe o trânsito de
cachorro (exceto no colo), os
donos de cães maiores sofriam para levá-los à pracinha interna construída especificamente para eles e até
para sair do local.
VERGONHA
"No início, fiquei um pouco envergonhada, sou uma
pessoa tímida", diz Suzana
Leopoldo e Silva, 62. Mas como sua poodle Flor do Céu
Azul, de 12 anos, não consegue caminhar as quatro quadras da avenida Paulista que
separam sua casa do petshop
onde toma banho, Suzana
diz que decidiu "enfrentar".
Tanto ela quanto a poodle
sofrem de artrose, e o carrinho trouxe "autonomia".
Mas não foi fácil. Embora a
maioria das pessoas achem
"uma gracinha", ela conta
que já percebeu olhares de
ódio e ouviu do tipo maldoso: "Olha só que vida boa".
SAÚDE DOS BICHOS
Quanto à saúde do animal,
o veterinário Eduardo Pacheco, do Hospital Veterinário
Santa Inês, acha que o uso se
justifica quando o cão tem
problemas de mobilidade,
pois a função do passeio com
o animal é justamente a de
exercitá-lo e de fazê-lo interagir com o ambiente.
No caso de cães com "mania", como a maltês Cindy,
ele indica que se procure um
adestrador.
ONDE COMPRAR
Petcar (5573-8163)/ Pet Center
Marginal (2797-7400), Pet Store
Santana (3492-9999) Au Pet
Store (3088-0838)
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