São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2010

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Cidade ao lado de rio tem de cavar 80 m por água potável

Seca no Estado do Amazonas obriga prefeituras a recorrer a poços artesianos para manter abastecimento

Quem armazena água das poucas chuvas que ainda caem nas regiões atingidas consegue vender o litro por R$ 1

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

A falta d"água no oeste e no sul do Amazonas, provocada pela seca que se estende desde o mês de agosto nas duas regiões, está fazendo com que prefeituras tenham de recorrer a poços artesianos para obter água potável.
Em todo o Estado, 40 mil famílias já foram atingidas pelo isolamento depois que os rios baixaram a níveis mínimos. Dos 62 municípios do Amazonas, 29 decretaram situação de emergência.
Em Manaquiri, cidade banhada pelo rio com o mesmo nome, a 149 km de Manaus, a prefeitura já construiu 24 poços artesianos. Outros 40 deverão ser cavados em breve.
"Porque não tem mais água potável", afirma o prefeito Jair Souto (PMDB).
A mesma situação é vivenciada pelos moradores de Guajará, no rio Juruá. Lá a prefeitura afirma já ter gasto R$ 30 mil construindo poços, mas não informou quantos.
Nessas regiões do Amazonas, a água potável é encontrada em profundidade que varia de 60 a 80 metros.

LITRO A UM REAL
Há cidades, porém, em que os poços não podem ser abertos por falta de água no subsolo. É o caso de Benjamin Constant, a 1.100 km oeste de Manaus, onde a pouca água que restou é imprópria para o consumo humano -é viçosa e com lodo.
O município fica na margem direita do rio Solimões.
Quem consome a água tem diarreia e mal-estar. "Precisamos de água potável, de caixas para armazenar a água quando a chuva chegar. O mais importante não é o filtro, é a água potável", afirma Gleissimar Castelo Branco, chefe da coordenação da Defesa Civil local.
Segundo ela, quem tem água colhida da pouca chuva que ainda cai no Estado chega a vender o litro a R$ 1.
A água contaminada provocou a morte de sete pessoas em São Paulo de Olivença, a 988 km de Manaus, entre agosto e setembro.
No município, seria possível abrir poços, segundo Edivilson Braga da Silva, coordenador da Defesa Civil. Silva afirma, no entanto, que a dificuldade maior é transportar os equipamentos necessários para as obras.
O acesso são os rios, e estes estão inavegáveis. "Em algumas comunidades não tem água potável mesmo. Algumas famílias se deslocam andando 500 m a 1 km até a beira do rio. Quem tinha água, o poço secou. É uma situação estarrecedora", disse Silva.

COMO NO HAITI
Em Manaus, de acordo com a Defesa Civil, a ajuda humanitária começou há duas semanas. O governo reservou R$ 4 milhões. Está previsto o envio de 29.928 cestas básicas em aeronaves da Força Aérea Brasileira.
Cerca de 15 mil kits de higiene pessoal serão entregues à população. Na lista não há, porém, água potável. O governo prometeu enviar 15 mil filtros portáteis, semelhantes aos usados no Haiti após o terremoto de janeiro. Cada um deles custa R$ 202.
"A logística de distribuição de água é complicada e gera custos altos. Os filtros são mais viáveis e têm a garantia de água potável por três anos", diz Hermógenes Rabelo, coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual.


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