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Cidade ao lado de rio tem de cavar 80 m por água potável
Seca no Estado do Amazonas obriga prefeituras a recorrer a poços artesianos para manter abastecimento
Quem armazena água das poucas chuvas que ainda caem nas regiões atingidas consegue vender o litro por R$ 1
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
A falta d"água no oeste e
no sul do Amazonas, provocada pela seca que se estende desde o mês de agosto nas
duas regiões, está fazendo
com que prefeituras tenham
de recorrer a poços artesianos para obter água potável.
Em todo o Estado, 40 mil
famílias já foram atingidas
pelo isolamento depois que
os rios baixaram a níveis mínimos. Dos 62 municípios do
Amazonas, 29 decretaram situação de emergência.
Em Manaquiri, cidade banhada pelo rio com o mesmo
nome, a 149 km de Manaus, a
prefeitura já construiu 24 poços artesianos. Outros 40 deverão ser cavados em breve.
"Porque não tem mais
água potável", afirma o prefeito Jair Souto (PMDB).
A mesma situação é vivenciada pelos moradores de
Guajará, no rio Juruá. Lá a
prefeitura afirma já ter gasto
R$ 30 mil construindo poços,
mas não informou quantos.
Nessas regiões do Amazonas, a água potável é encontrada em profundidade que
varia de 60 a 80 metros.
LITRO A UM REAL
Há cidades, porém, em
que os poços não podem ser
abertos por falta de água no
subsolo. É o caso de Benjamin Constant, a 1.100 km
oeste de Manaus, onde a
pouca água que restou é imprópria para o consumo humano -é viçosa e com lodo.
O município fica na margem direita do rio Solimões.
Quem consome a água tem
diarreia e mal-estar. "Precisamos de água potável, de
caixas para armazenar a
água quando a chuva chegar. O mais importante não é
o filtro, é a água potável",
afirma Gleissimar Castelo
Branco, chefe da coordenação da Defesa Civil local.
Segundo ela, quem tem
água colhida da pouca chuva
que ainda cai no Estado chega a vender o litro a R$ 1.
A água contaminada provocou a morte de sete pessoas em São Paulo de Olivença, a 988 km de Manaus, entre agosto e setembro.
No município, seria possível abrir poços, segundo Edivilson Braga da Silva, coordenador da Defesa Civil. Silva afirma, no entanto, que a
dificuldade maior é transportar os equipamentos necessários para as obras.
O acesso são os rios, e estes
estão inavegáveis. "Em algumas comunidades não tem
água potável mesmo. Algumas famílias se deslocam andando 500 m a 1 km até a beira do rio. Quem tinha água, o
poço secou. É uma situação
estarrecedora", disse Silva.
COMO NO HAITI
Em Manaus, de acordo
com a Defesa Civil, a ajuda
humanitária começou há
duas semanas. O governo reservou R$ 4 milhões. Está
previsto o envio de 29.928
cestas básicas em aeronaves
da Força Aérea Brasileira.
Cerca de 15 mil kits de higiene pessoal serão entregues à população. Na lista
não há, porém, água potável.
O governo prometeu enviar
15 mil filtros portáteis, semelhantes aos usados no Haiti
após o terremoto de janeiro.
Cada um deles custa R$ 202.
"A logística de distribuição de água é complicada e
gera custos altos. Os filtros
são mais viáveis e têm a garantia de água potável por
três anos", diz Hermógenes
Rabelo, coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual.
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