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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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Cidade amplia merenda e muda cardápio

DA REPORTAGEM LOCAL

Três anos atrás, só 30% dos 60 mil estudantes da rede pública de Piracicaba (162 km de SP) tinham a merenda na escola. Hoje, praticamente todos os alunos comem mais de uma refeição no início e nos intervalos das aulas. Estudantes do período noturno, que chegavam do trabalho sem comer e pouco absorviam das aulas, estão jantando antes de entrar na classe. Alunos que pouco apareciam voltaram a frequentar a escola.
Uma das principais responsáveis pelas mudanças é a professora Jocelem Mastrodi Salgado, titular de nutrição humana da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), de Piracicaba, e autora de dois livros sobre alimentação infanto-juvenil.
Salgado tem a vantagem de há 20 anos trabalhar com alimentos. Avessa à prática de manter pesquisas nas gavetas, ela aceitou o convite para dirigir o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de Piracicaba, órgão formado por representantes da comunidade, incluindo pais e professores, e que tem a missão de vigiar a alimentação escolar, desde a compra até a elaboração do melhor cardápio.
"Encontramos fraudes no peso e na qualidade dos produtos, porém o mais grave era o despreparo dos responsáveis pela merenda", diz ela. Uma das decisões foi oferecer cursos às merendeiras e passar a valorizá-las. Com R$ 0,23 por aluno/dia, a professora e sua equipe substituíram enlatados e legumes desidratados por produtos frescos, que são mais baratos.
Constataram também que os alunos detestavam sopas e tinham nojo dos pratos e dos talheres de plástico, que retêm gordura e um cheiro ruim. "Estamos lutando para trocar tudo isso", afirma a dirigente do CAE. "E queremos espaços onde eles possam comer sentados e com dignidade. Ensinar a comer é um dos importantes papéis da escola."
Outra parceria na qual a professora está empenhada é com as cantinas. O CAE quer que esses estabelecimentos passem a vender comida saudável, tornando-se parceiros da merenda. Caso não cooperem, uma portaria poderá obrigá-las a abrir 15 minutos depois de servida a merenda.

Informações -
jmsalgad@esalq.usp.com.br


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