São Paulo, sábado, 18 de março de 2000


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Policiais comemoram com abraços

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A demissão de Luiz Eduardo Soares da cúpula da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio foi comemorada por policiais e pelas entidades representativas da categoria.
A Folha constatou o clima de euforia na 21ª DP, em Bonsucesso (zona norte), e na 13ª DP, Copacabana (zona sul). Policiais chegaram a trocar abraços para comemorar a demissão.
Na DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), policiais comentavam com alegria a saída de Soares. Na semana passada, o delegado Cláudio Vieira, diretor da delegacia, foi afastado do cargo depois de ser acusado por Soares de receber dinheiro para libertar dois traficantes.
Desde a saída de Vieira, as investigações na DRE estavam praticamente paradas, em um protesto velado contra a decisão do governador de afastar o delegado.
Para o diretor do Núcleo dos Policiais Civis, Gemerson Henrique Dias, a demissão "demorou até muito". Ele defendeu investigação policial para procedimentos administrativos adotados pelo coordenador da Segurança.
"Quero ver se agora serão apuradas as nebulosas compras do Projeto Delegacia Legal", afirmou Dias, referindo-se à suspeita de superfaturamento de preços na implantação do projeto.
O presidente da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia), Wladimir Reale, criticou Soares por fazer "acusações trêfegas e imprecisas, de forma genérica, abstrata e impessoal".
Segundo Reale, o coordenador sonhava com o cargo de secretário da Segurança Pública.
"O objetivo dele era provocar crises na secretaria, para assumir o lugar do secretário Josias Quintal. Ele tinha objetivos políticos."
Antes de saber sobre a demissão de Soares, o inspetor Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis, organizava manifestação em frente ao Palácio Guanabara (sede do governo estadual), para protestar contra as acusações aos policiais.
Bandeira afirmou que considera Soares inexperiente para ocupar cargos diretivos na Secretaria da Segurança. "Ele desrespeitava sistematicamente a instituição policial e os policiais", afirmou.
Ontem, o chefe da Polícia Civil, Rafik Louzada, entrou na Justiça do Rio com uma interpelação judicial contra Soares.
No documento, ele pergunta se Soares confirma ser de sua autoria declarações publicadas em jornais. Pede também que Soares defina o que é "banda podre" e se o chefe de Polícia Civil integra esse suposto grupo policial.
Soares tem 48 horas para responder à notificação. Louzada planeja processá-lo por danos morais após receber as respostas.



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