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Exército põe blindados para procurar fuzis
Dez dias depois de roubo de 7 armas em quartel, número de soldados mobilizados chegava a 520, ou 74 homens por fuzil
Apesar das buscas em 7 bairros de 3 cidades do Vale do Paraíba, até ontem os fuzis continuavam sumidos e ninguém havia sido preso
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL A CAÇAPAVA
Batizada de Ypiranga, a operação deflagrada pelo Exército
no Vale do Paraíba para recuperar sete fuzis roubados de
um quartel no último dia 8 ganhou o reforço até de veículos
blindados normalmente usados em áreas de guerra.
A operação foi iniciada após
cinco homens armados invadirem o quartel de Caçapava (116
km de SP), renderem sete soldados e levarem os seus fuzis.
Na semana passada, o Exército colocou 200 homens em
duas cidades, Caçapava e a vizinha São José dos Campos, onde
as tropas ocuparam quatro
bairros. Ontem, o número de
bairros ocupados chegava a sete em três cidades: Taubaté foi
incluída na operação, que somava 520 homens -74 soldados para cada fuzil roubado.
Além de dois helicópteros em
uso desde o começo da operação, dois veículos blindados
Urutu reforçaram as buscas
desde a noite de anteontem. Os
blindados, que vieram de Valença (RJ) pela rodovia Dutra,
foram estacionados numa área
de lazer do bairro Campo dos
Alemães, em São José dos
Campos, foco da operação.
De acordo com o tenente-coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, oficial de comunicação
social do Exército em Caçapava, os veículos estão sendo utilizados na operação por exigência da inteligência militar.
Ainda segundo o oficial, o
efetivo da operação ultrapassará hoje 600 homens com a chegada de uma tropa que tem entre 80 e cem militares e que será deslocada da cidade de São
Paulo. Os soldados mobilizados
até ontem são da região do Vale
do Paraíba e de Valença (RJ).
O governador José Serra
(PSDB) não quis comentar a
mobilização de tropas e veículos militares no Estado. Ele
afirmou que não conhecia bem
essa situação.
O oficial disse não ter uma
estimativa do custo da operação. "Nós vamos parar somente
quando essas armas estiverem
de volta ao lugar de onde nunca
deveriam ter saído", disse.
Apesar do aparato, até agora
o Exército só conseguiu recuperar um cinto e uma baioneta,
roubados juntamente com os
sete fuzis. Os objetos foram encontrados em um terreno por
um comerciante de Guararema
(Grande SP). Até a conclusão
desta edição, ninguém havia sido preso pelo roubo das armas.
Segundo oficiais do Exército,
"é praticamente certa a participação de um ex-militar no roubo". Parte dos homens que deixou o serviço militar recentemente está sendo investigada.
O Exército criou ontem um
número de telefone gratuito
para receber denúncias sobre o
paradeiro das armas: 0800-7712012. O número está sendo
divulgado em cartazes, com o
título "Denuncie já", que foram
distribuídos na região.
O nome Operação Ypiranga é
uma referência ao quartel roubado em Caçapava, batizado assim por sua participação na independência do Brasil.
Autorização
Na última quarta-feira, o Superior Tribunal Militar (STM)
informou que todas as operações militares fora dos quartéis
precisam de autorização da
Justiça. Na ocasião, o comando
do Exército em Caçapava informou que essa autorização "estava sendo providenciada".
Ontem, o tenente-coronel
Ribeiro disse que não via necessidade de autorização por se
tratar de investigação dentro
de um inquérito militar, e não
de uma ocupação.
O STM disse, por meio de sua
assessoria, que não comentaria
sobre a legalidade ou não da
ação do Exército, pois o caso está em andamento na Justiça. O
Ministério Público Militar informou que não havia disponibilidade de tempo para comentar o caso ontem.
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