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RELIGIÃO
Apoio seria estratégia para obter mudança
CNBB apóia projeto
de ensino ecumênico
LUIS HENRIQUE AMARAL
enviado especial a Itaici (SP)
Apesar de contrariada, a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) decidiu ontem
apoiar projeto de lei de autoria
do Executivo que institui o ``ensino ecumênico'' nas escolas públicas.
O projeto foi proposto pelo ministro da Educação, Paulo Renato, depois que a CNBB protestou
contra a determinação da LDB
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina que o ensino religioso nas escolas públicas
brasileiras seja realizado ``sem
ônus'' para o Estado.
A LDB foi aprovada em dezembro passado. Ela regulamentou o
artigo 201 da Constituição, que
afirma: ``O ensino religioso, de
matrícula facultativa, constituirá
disciplina dos horários normais
das escolas públicas de ensino
fundamental''.
Segundo d. Irineu Danelon, escolhido pela CNBB para falar sobre o assunto, a frase ``sem ônus
para os cofres públicos'' foi inserida na LDB pelo deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
``Essa proposta cria duas categorias de professores na escola,
os que recebem e os que não recebem salário, e isso é inadmissível'', afirmou o bispo.
Ecumenismo
O ensino religioso ecumênico
proposto por Paulo Renato não é
o que queria a CNBB, que defende o ensino ``confessional'', ou
seja, de apenas uma religião. Seria necessário um professor por
religião em cada escola.
O ecumenismo prevê que sejam estudadas nas escolas as
principais religiões existentes no
Brasil, incluindo o judaísmo e as
religiões afro-brasileiras.
A decisão de apoiar a proposta
de Paulo Renato é estratégica.
Com ela, os professores de religião não deixariam de ser pagos
em janeiro de 1998, quando a
LDB entra em vigor.
A entidade poderá, em seguida, entrar na Justiça solicitando a
volta do ensino confessional e
que seus professores sejam pagos
pelo Estado.
``A possibilidade de entrar na
Justiça para garantir a norma
constitucional ainda não está
afastada, depende da velocidade
da tramitação do projeto do ministro da Educação no Congresso'', afirmou d. Irineu.
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