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PM estuda pedir preventiva de acusados de matar mulher em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia Militar pedirá a prisão preventiva dos
quatro PMs envolvidos na morte
da dona-de-casa Raimunda
Olimpia de Jesus Furtado, 60, caso
reúna provas suficientes de que
houve omissão de socorro, como
narraram à imprensa as principais testemunhas do caso. A decisão deve ser tomada até quinta.
Raimunda Furtado foi baleada
na noite de sábado, em um Cingapura do Parque Novo Mundo (zona norte de São Paulo), quando
entrava em um mercadinho.
O autor do disparo é o soldado
Fábio Trevisoli, da Força Tática
do 15º Batalhão de Guarulhos
(Grande SP), cuja equipe estava
fora de área. Em depoimento, ele
e seus colegas disseram que estavam "cortando caminho" pelo local e que desceram do carro ao ver
três homens em atitude suspeita,
pois o veículo não passaria pelas
vielas. O tiro teria sido disparado
acidentalmente, na correria.
Os funcionários do mercado
afirmam, no entanto, que não estava havendo perseguição. Segundo eles, o carro da PM freou bruscamente e logo em seguida houve
um único disparo. Depois, de
acordo com eles, dois PMs entraram no estabelecimento e passaram duas vezes pela vítima -caída-, partindo sem socorrê-la.
Os policiais negam. Dizem que
o tumulto criado por moradores
os impediu de chegar até a dona-de-casa e que foram embora porque Trevisoli ficou apavorado.
O soldado está preso por homicídio culposo (sem intenção).
Seus companheiros -tenente Alberto Suganuma, cabo Hélio Correia e soldado Joanito Queiroz-,
sobre os quais não recai acusação
criminal, cumprem prisão administrativa de cinco dias.
"Nesse período pretendemos
reunir provas para saber se houve
ou não a omissão de socorro. Se
houve, pediremos a preventiva de
todos", disse à Folha o corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Máximo, segundo o
qual não há provas de que o policial tenha tido intenção de matar
a dona-de-casa, mas é fato que
houve "negligência e descuido".
A Corregedoria não localizou
nenhuma denúncia anterior contra os quatros PMs que compunham a guarnição. A Ouvidoria
da Polícia, por sua vez, diz que
-com exceção de Trevisoli- os
três outros já haviam se envolvido
em ocorrências com morte -o
tenente Suganuma em uma, o cabo Correia em duas e o soldado
Queiroz em uma. Um dos casos
relativos ao cabo foi arquivado.
Ontem, os investigadores da
Corregedoria ouviram os primeiros depoimentos do caso, inclusive de familiares da vítima. Segundo o coronel Máximo, os parentes
de Furtado negaram que ela tenha
testemunhado algum episódio de
violência ou corrupção policial.
A dona-de-casa foi enterrada no
cemitério da Vila Formosa (zona
leste). A cerimônia foi acompanhada por cerca de cem amigos,
vizinhos e familiares, que depois
-a exemplo do que ocorrera domingo- fizeram uma manifestação na marginal Tietê, das 16h às
18h, bloqueando a pista em alguns momentos.
(SÍLVIA CORRÊA)
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