São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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PM estuda pedir preventiva de acusados de matar mulher em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar pedirá a prisão preventiva dos quatro PMs envolvidos na morte da dona-de-casa Raimunda Olimpia de Jesus Furtado, 60, caso reúna provas suficientes de que houve omissão de socorro, como narraram à imprensa as principais testemunhas do caso. A decisão deve ser tomada até quinta.
Raimunda Furtado foi baleada na noite de sábado, em um Cingapura do Parque Novo Mundo (zona norte de São Paulo), quando entrava em um mercadinho.
O autor do disparo é o soldado Fábio Trevisoli, da Força Tática do 15º Batalhão de Guarulhos (Grande SP), cuja equipe estava fora de área. Em depoimento, ele e seus colegas disseram que estavam "cortando caminho" pelo local e que desceram do carro ao ver três homens em atitude suspeita, pois o veículo não passaria pelas vielas. O tiro teria sido disparado acidentalmente, na correria.
Os funcionários do mercado afirmam, no entanto, que não estava havendo perseguição. Segundo eles, o carro da PM freou bruscamente e logo em seguida houve um único disparo. Depois, de acordo com eles, dois PMs entraram no estabelecimento e passaram duas vezes pela vítima -caída-, partindo sem socorrê-la.
Os policiais negam. Dizem que o tumulto criado por moradores os impediu de chegar até a dona-de-casa e que foram embora porque Trevisoli ficou apavorado.
O soldado está preso por homicídio culposo (sem intenção). Seus companheiros -tenente Alberto Suganuma, cabo Hélio Correia e soldado Joanito Queiroz-, sobre os quais não recai acusação criminal, cumprem prisão administrativa de cinco dias.
"Nesse período pretendemos reunir provas para saber se houve ou não a omissão de socorro. Se houve, pediremos a preventiva de todos", disse à Folha o corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Máximo, segundo o qual não há provas de que o policial tenha tido intenção de matar a dona-de-casa, mas é fato que houve "negligência e descuido".
A Corregedoria não localizou nenhuma denúncia anterior contra os quatros PMs que compunham a guarnição. A Ouvidoria da Polícia, por sua vez, diz que -com exceção de Trevisoli- os três outros já haviam se envolvido em ocorrências com morte -o tenente Suganuma em uma, o cabo Correia em duas e o soldado Queiroz em uma. Um dos casos relativos ao cabo foi arquivado.
Ontem, os investigadores da Corregedoria ouviram os primeiros depoimentos do caso, inclusive de familiares da vítima. Segundo o coronel Máximo, os parentes de Furtado negaram que ela tenha testemunhado algum episódio de violência ou corrupção policial.
A dona-de-casa foi enterrada no cemitério da Vila Formosa (zona leste). A cerimônia foi acompanhada por cerca de cem amigos, vizinhos e familiares, que depois -a exemplo do que ocorrera domingo- fizeram uma manifestação na marginal Tietê, das 16h às 18h, bloqueando a pista em alguns momentos. (SÍLVIA CORRÊA)


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