|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cidades do Nordeste enfrentam falta de luz
Parte dos atingidos pelas enchentes está sem energia elétrica em suas casas e até mesmo nos abrigos improvisados
No Maranhão, ao menos 58 cidades têm o fornecimento interrompido; moradores passam por dificuldades para armazenar alimentos
Fernando Donasci/Folha Imagem
|
|
Maria de Nazaré Soares, 61, que está no abrigo improvisado com três filhos, 18 netos e três bisnetos, que se revezam para dormir
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TRIZIDELA DO VALE (MA)
Com as chuvas que não cessam no Nordeste, parte dos
atingidos pelas enchentes no
Maranhão, no Ceará e no Piauí
-os três Estados mais castigados- está sem energia elétrica
até nos abrigos improvisados.
Em ao menos 78 cidades, os
habitantes sofrem com falta de
luz. A reportagem passou uma
noite em um abrigo em Trizidela do Vale (região central do
Maranhão), onde 80% do município está às escuras há cerca
de duas semanas (leia texto
nesta página).
Pelo levantamento feito pela
Folha, a situação é mais grave
no Maranhão, Estado onde 58
cidades estão com o fornecimento de energia prejudicado.
As pessoas que enfrentam
tanto a falta de luz quanto as
enchentes são, em sua maioria,
aquelas que permaneceram em
casas atingidas ou foram colocadas em abrigos que agora estão em áreas inundadas.
Com a ausência de energia,
há dificuldades para armazenar
alimentos e espantar os mosquitos por falta de ventilador.
Além de preservar a integridade física dos moradores, as
empresas dizem que a interrupção parcial no fornecimento ocorre em razão de danos na
rede e dificuldade de acesso para consertar os estragos.
No Ceará, onde sete municípios têm falta de luz, o diretor
institucional e de comunicação
da Coelce (Companhia Energética do Ceará), José Nunes Almeida, diz que parte da rede foi
arrancada com os alagamentos.
"A principal dificuldade é o
acesso. Recebemos imagens de
nossos supervisores de campo
que mostram eletricistas transportando equipamentos em
barcos improvisados para atender às comunidades."
No Piauí, há pontos da rede
de distribuição submersos,
postes quebrados em locais
sem acesso e falta de condições
de segurança para o fornecimento em áreas inundadas. O
Estado tem ao menos 13 cidades com partes sem energia.
"Iraque"
Na sexta, na cidade de Barras,
uma das mais afetadas no Piauí,
um temporal provocou pânico.
"Parecia o Iraque sendo bombardeado. Era trovão, raio, tudo
no escuro. A luz caía e voltava",
diz o prefeito, Francisco Damasceno (PMDB).
Os prejudicados não devem
ver solução rapidamente. As
companhias de energia dizem
que, com a redução do nível das
águas e o restabelecimento do
acesso às áreas isoladas, o fornecimento poderá ser normalizado. No entanto, isso não deve
ocorrer logo, já que ainda chove
em partes do Nordeste.
Texto Anterior: Favela em área valorizada de SP irá abrigar Cohab "chique" Próximo Texto: Abrigo está há duas semanas sem água potável Índice
|