São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

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Cidades do Nordeste enfrentam falta de luz

Parte dos atingidos pelas enchentes está sem energia elétrica em suas casas e até mesmo nos abrigos improvisados

No Maranhão, ao menos 58 cidades têm o fornecimento interrompido; moradores passam por dificuldades para armazenar alimentos

Fernando Donasci/Folha Imagem
Maria de Nazaré Soares, 61, que está no abrigo improvisado com três filhos, 18 netos e três bisnetos, que se revezam para dormir

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TRIZIDELA DO VALE (MA)

Com as chuvas que não cessam no Nordeste, parte dos atingidos pelas enchentes no Maranhão, no Ceará e no Piauí -os três Estados mais castigados- está sem energia elétrica até nos abrigos improvisados.
Em ao menos 78 cidades, os habitantes sofrem com falta de luz. A reportagem passou uma noite em um abrigo em Trizidela do Vale (região central do Maranhão), onde 80% do município está às escuras há cerca de duas semanas (leia texto nesta página).
Pelo levantamento feito pela Folha, a situação é mais grave no Maranhão, Estado onde 58 cidades estão com o fornecimento de energia prejudicado.
As pessoas que enfrentam tanto a falta de luz quanto as enchentes são, em sua maioria, aquelas que permaneceram em casas atingidas ou foram colocadas em abrigos que agora estão em áreas inundadas.
Com a ausência de energia, há dificuldades para armazenar alimentos e espantar os mosquitos por falta de ventilador.
Além de preservar a integridade física dos moradores, as empresas dizem que a interrupção parcial no fornecimento ocorre em razão de danos na rede e dificuldade de acesso para consertar os estragos.
No Ceará, onde sete municípios têm falta de luz, o diretor institucional e de comunicação da Coelce (Companhia Energética do Ceará), José Nunes Almeida, diz que parte da rede foi arrancada com os alagamentos.
"A principal dificuldade é o acesso. Recebemos imagens de nossos supervisores de campo que mostram eletricistas transportando equipamentos em barcos improvisados para atender às comunidades."
No Piauí, há pontos da rede de distribuição submersos, postes quebrados em locais sem acesso e falta de condições de segurança para o fornecimento em áreas inundadas. O Estado tem ao menos 13 cidades com partes sem energia.

"Iraque"
Na sexta, na cidade de Barras, uma das mais afetadas no Piauí, um temporal provocou pânico. "Parecia o Iraque sendo bombardeado. Era trovão, raio, tudo no escuro. A luz caía e voltava", diz o prefeito, Francisco Damasceno (PMDB).
Os prejudicados não devem ver solução rapidamente. As companhias de energia dizem que, com a redução do nível das águas e o restabelecimento do acesso às áreas isoladas, o fornecimento poderá ser normalizado. No entanto, isso não deve ocorrer logo, já que ainda chove em partes do Nordeste.


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