São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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Alternativas garantem renda a produtor

DA REPORTAGEM LOCAL

Trocar a cultura do fumo por outras alternativas, uma das propostas da Organização Mundial da Saúde, é tarefa difícil no Brasil, mas não é uma missão impossível, segundo o economista Marco Antonio Vargas, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
A dificuldade deve-se ao modo de produção articulado pela indústria do cigarro no Brasil, segundo o qual o produtor recebe sementes, insumos e financiamento e tem a venda de sua produção garantida.
O fumo tem uma rentabilidade anual por hectare de US$ 1.880, de acordo com Vargas, valor imbatível quando comparado ao do feijão (US$ 284) e ao do milho (US$ 396). A saída para os produtores, afirma o economista, é buscar produtos que agreguem valor.
Vargas citou o exemplo de agricultores do município de Santa Cruz do Sul (RS), que obtiveram uma rentabilidade anual por hectare estimada em US$ 1.660 com produtos sem agrotóxicos, como arroz e erva-mate, com maior valor de mercado.
O Brasil é hoje o maior exportador de tabaco do mundo, mas isso não significa necessariamente um bom negócio, segundo o economista. A razão é que os preços internacionais estão em queda.
Hoje, o agricultor brasileiro recebe menos da metade do que o americano pelo quilo de fumo -US$ 1,18 contra um valor que varia de US$ 3 a US$ 4.
"Quanto mais os países em desenvolvimento produzem, menor é o ganho", afirmou Vargas.
Entre 2001 e 2002, a produção brasileira de tabaco cresceu em ritmo de fazer inveja à China -24,6%. A exportação, no entanto, é só 1,3% da produção total brasileira, disse o economista.
A distribuição dos ganhos também é assimétrica. O faturamento da indústria de cigarro no mundo alcança cerca de US$ 200 bilhões, mas a maioria dos lucros fica nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde estão as matrizes da Philip Morris e a BAT (British American Tobacco), proprietária da empresa Souza Cruz. (MCC)


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