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Alternativas garantem renda a produtor
DA REPORTAGEM LOCAL
Trocar a cultura do fumo por
outras alternativas, uma das propostas da Organização Mundial
da Saúde, é tarefa difícil no Brasil,
mas não é uma missão impossível, segundo o economista Marco
Antonio Vargas, da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro.
A dificuldade deve-se ao modo
de produção articulado pela indústria do cigarro no Brasil, segundo o qual o produtor recebe
sementes, insumos e financiamento e tem a venda de sua produção garantida.
O fumo tem uma rentabilidade
anual por hectare de US$ 1.880, de
acordo com Vargas, valor imbatível quando comparado ao do feijão (US$ 284) e ao do milho (US$
396). A saída para os produtores,
afirma o economista, é buscar
produtos que agreguem valor.
Vargas citou o exemplo de agricultores do município de Santa
Cruz do Sul (RS), que obtiveram
uma rentabilidade anual por hectare estimada em US$ 1.660 com
produtos sem agrotóxicos, como
arroz e erva-mate, com maior valor de mercado.
O Brasil é hoje o maior exportador de tabaco do mundo, mas isso
não significa necessariamente um
bom negócio, segundo o economista. A razão é que os preços internacionais estão em queda.
Hoje, o agricultor brasileiro recebe menos da metade do que o
americano pelo quilo de fumo
-US$ 1,18 contra um valor que
varia de US$ 3 a US$ 4.
"Quanto mais os países em desenvolvimento produzem, menor
é o ganho", afirmou Vargas.
Entre 2001 e 2002, a produção
brasileira de tabaco cresceu em
ritmo de fazer inveja à China
-24,6%. A exportação, no entanto, é só 1,3% da produção total
brasileira, disse o economista.
A distribuição dos ganhos também é assimétrica. O faturamento
da indústria de cigarro no mundo
alcança cerca de US$ 200 bilhões,
mas a maioria dos lucros fica nos
Estados Unidos e na Inglaterra,
onde estão as matrizes da Philip
Morris e a BAT (British American
Tobacco), proprietária da empresa Souza Cruz.
(MCC)
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