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SAÚDE
Auditoria na gestão de projeto indica irregularidade na verificação de contas e emissão de notas sem a documentação exigida
TCM vê falhas em programa da prefeitura
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório de auditoria do TCM
(Tribunal de Contas do Município) indica oito problemas e irregularidades na execução do PSF
(Programa Saúde da Família) pela
Prefeitura de São Paulo.
Na análise, de janeiro deste ano,
técnicos do tribunal apontam ausência de verificação, pela prefeitura, das contas de prestadores de
serviço, além da emissão de notas
de empenho (reserva de recursos
orçamentários) sem documentação que as justificasse.
Os auditores afirmam ainda que
a prefeitura não cumpriu as principais metas do programa no ano
passado, como a de cobrir 35% da
população paulistana -o percentual ficou em 22% (veja quadro nesta página).
O PSF é uma estratégia de atenção básica à saúde, composto por
equipes com médico, enfermeiro
e agentes comunitários. Em São
Paulo, os serviços estão a cargo de
12 entidades filantrópicas que têm
convênio com a prefeitura. O projeto consumiu R$ 202,8 milhões,
13,5% do orçamento executado
da Secretaria da Saúde em 2003.
O documento do TCM levou o
Conselho Municipal de Saúde,
responsável pelo controle social
das ações da secretaria, a aprovar
ontem o relatório de gestão da
pasta com recomendações para a
prefeitura resolver problemas e
irregularidades. Integram o conselho usuários, trabalhadores, governo e prestadores de serviço.
O relatório de gestão foi avaliado com quase três meses de atraso, principalmente por causa da
discussão em torno do PSF.
Foi o terceiro ano seguido em
que as ações foram aprovadas
com ressalva ou recomendação
-significa que, no período, os
conselheiros jamais ficaram inteiramente satisfeitos com as ações
da gestão Marta Suplicy (PT).
"De que tem coisa que estamos
acertando mais e coisa que estamos acertando menos, não tenho
dúvida", disse ontem aos conselheiros o secretário Gonzalo Vecina. Ele afirmou que levaria as recomendações como exigências.
Caso o relatório de gestão fosse
reprovado, a secretaria poderia
perder a execução plena do sistema de saúde, que lhe permite ter
total autonomia na gestão e gerência de serviços e recursos destinados à saúde no município. Segundo Vecina afirmou aos conselheiros, haveria "conseqüências
políticas importantes".
Ao ser habilitada na gestão plena, há quase um ano, a cidade de
São Paulo passou a receber mais
de R$ 1 bilhão diretamente do Ministério da Saúde, sem passar pela
conta do governo do Estado.
Segundo Tarcísio Geraldo Faria,
48, representante de usuários do
sistema de saúde no conselho, os
membros do órgão já vinham discutindo o PSF. Ele considera a auditoria do TCM "superficial", mas
defendeu que as recomendações
fossem anotadas como exigências, proposta não aprovada.
"Tem de exigir também do controle social. Faziam ressalvas nesses anos, e aí? O que aconteceu?"
"É uma questão de recursos públicos sem a devida análise de
contas", afirmou a conselheira
Miriam de Oliveira, 44, único voto
contrário à aprovação do relatório de gestão.
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